PS e PSD voltam aos tempos da 'troika' e 'trocam' fotografias no debate

O PS e o PSD recuaram hoje aos anos da 'troika' durante o debate parlamentar do programa de emergência social dos sociais-democratas, e até pediram para serem distribuídos documentos e fotografias desses tempos.

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Lusa
15/09/2022 18:43 ‧ 15/09/2022 por Lusa

Política

Parlamento

Depois de, no arranque do debate, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, ter dito que as "ilusões" das atuais medidas do Governo de António Costa para os pensionistas fazerem lembrar os cortes do tempo de José Sócrates, a bancada do PS quis vincar diferenças.

"A diferença entre o PS e o PSD é muito clara: é que nós sabemos que em crise não podemos dar tudo a todos, mas nós damos àqueles que mais precisam e não àqueles que menos precisam. Não damos às empresas e tiramos aos trabalhadores", referiu o vice-presidente da bancada do PS Carlos Pereira.

O deputado socialista exibiu uma foto da manifestação de setembro de 2012, que juntou centenas de milhares de pessoas, contra uma proposta do Governo PSD/CDS-PP de alteração da Taxa Social única (TSU) para ilustrar que "as medidas do PSD humilham as pessoas".

Mais à frente no debate, Miranda Sarmento pediu que fosse distribuído o Orçamento do Estado para 2011, da autoria do Governo PS, e páginas do memorando da 'troika', que também tem a assinatura dos socialistas.

Na resposta, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, pediu que fosse distribuída a fotografia tirada pelo antigo governante do PSD Eduardo Catroga, aquando das negociações do Orçamento para 2011 entre PS e PSD, quando este aparece a assinar documentos ao lado do então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.

"Que seja distribuída a fotografia tirada pelo dr. Eduardo Catroga, depois de obrigar um Governo minoritário a fazer austeridade", pediu o deputado socialista.

"O PS era assim tão irresponsável que só fazia o que o partido da oposição queria? Então não percebo o que estavam a fazer no Governo", ripostou Miranda Sarmento.

André Ventura, presidente e deputado do Chega, considerou lamentável que "se tenha passado uma parte da tarde a discutir se a culpa foi de José Sócrates ou de Passos Coelho" e que PS e PSD tenham "preferido dar uma lição de história, em vez de discutir medidas para o futuro".

Sobre o programa de emergência do PSD, Ventura considerou-o "tão ou mais pobre que o do PS no combate à crise" e desafiou o Governo a que, este ano, não tribute o subsídio de Natal dos portugueses.

Depois de PS e PSD trocarem argumentos sobre qual dos 'pacotes' de medidas vale mais, o líder e deputado da IL, João Cotrim Figueiredo, admitiu que o valor dos dois programas "não conta a história toda", acusando o PS de "levar uma clara vantagem no capítulo do ilusionismo".

"Pelo menos o programa do PSD não mente, mas não devia entrar no campeonato de 'quem dá mais'. Estes pacotes mais não são do que atestados de miopia, de exercícios de navegação à vista que não conduzirão Portugal a bom porto", alertou.

Pelo PCP, a líder parlamentar Paula Santos considerou que quer PS quer PSD apresentam "medidas temporárias e insuficientes", lamentando que nenhum destes partidos proponha aumentos de salários e pensões, nem tenham "uma única medida para taxar os lucros dos grandes grupos económicos".

José Soeiro, do BE, insistiu igualmente com o PS na necessidade de taxar os chamados "lucros excessivos" -- sem obter uma resposta clara -- e, em matéria de pensões, acusou o Governo de "fazer entrar pela janela a velha aspiração do PSD" de fazer alterações estruturais no sistema de Segurança Social.

A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, considerou que "o pacote do PSD é inferior ao apresentado pelo Governo", dizendo que se esperava da "oposição rasgo para mudar as políticas" e insistindo igualmente na necessidade de taxar os lucros extraordinários.

Com ironia, o deputado único do Livre, Rui Tavares, saudou que, "depois desta interessantíssima comparação de tamanho de pacotes", tanto PS como o PSD tenham revisto a sua posição de que dar dinheiro diretamente às pessoas "era inflacionário", lamentando também a ausência de uma tributação específica para as empresas que estejam a lucrar com a subida da inflação.

Na fase final do debate, o ex-secretário de Estado e deputado do PS Miguel Cabrita considerou que este programa foi mais "um pacote de emergência do PSD, que precisa de apresentar novos rostos".

"O rosto do líder do PSD [Luís Montenegro lembra ao país o tempo de uma maioria que dizia que o país estava melhor e os portugueses estavam pior", criticou.

Os 'vices' da bancada do PSD Paulo Rios e Ricardo Baptista Leite fizeram questão de realçar a ausência do Governo, classificando-a como uma "falta de respeito" ao parlamento, com Brilhante Dias a justificá-la com a marcação deste debate para o dia habitual da reunião do Conselho de Ministros, as quintas-feiras.

"O PS sempre teve e tem agora dos maiores Governos, se não estivesse o ministro vinha cá o secretário de Estado. Respeitem-nos e façam-se representar na Assembleia da República", respondeu Paulo Rios.

Leia Também: PSD afirma que "montanha pariu um rato" e diz que fez "a sua parte"

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