Santos Silva deve usar "influência parlamentar" para AR ter 4 'vices'
O líder do PSD apelou hoje ao presidente do parlamento para que use "o seu magistério de influência parlamentar" para que a Assembleia da República volte a ter quatro vice-presidentes, elegendo os candidatos do Chega e da IL.
© Lusa
Política Montenegro
Em declarações aos jornalistas, na sede do partido, e depois de responder a questões sobre o impacto dos resultados das eleições de Itália em Portugal, Luís Montenegro deixou um desafio a Augusto Santos Silva, na sequência das críticas que têm sido feitas ao PSD por ter apelado à sua bancada que votasse no candidato do Chega a uma vice-presidência do parlamento, numa eleição que falhou pela terceira vez na passada quinta-feira.
"Os votos em democracia valem tanto à direita como à esquerda. Espero que esse assunto seja encerrado e o presidente da Assembleia da República use o seu magistério de influência junto dos grupos parlamentares para não termos esta situação anómala de só termos dois 'vices", afirmou.
Desde o início da legislatura apenas os 'vices' do PS e do PSD foram eleitos. A IL tentou apenas uma vez a eleição do seu candidato.
"Quero aproveitar a ocasião, para de forma serena e tranquila, apelar ao senhor Presidente da Assembleia da República para que, olhando para expressão da vontade livre e democrática expressa pelos portugueses nas últimas legislativas, aja em conformidade e use o magistério de influência parlamentar para que todos os 229 colegas da AR possam respeitar as regras democráticas", afirmou.
Na semana passada, e pela primeira vez, o líder parlamentar do PSD apelou aos deputados sociais-democratas que votassem no Chega, mas os votos foram ainda insuficientes para a sua eleição.
"A Assembleia sempre atribuiu vice-presidências aos quatro maiores partidos do parlamento, não há nenhuma razão de diferença política e de diferença ideológica para quebrar esta regra da democracia, mesmo discordando das ideias. Eu não posso discordar mais do BE e do PCP", afirmou, contrapondo que votou, no passado, em candidatos destes dois partidos quando foram a terceira e/ou quarta forças políticas.
De acordo com o Regimento da Assembleia da República, podem propor vice-presidentes os quatro maiores grupos parlamentares (PS, PSD, Chega e IL na atual legislatura), mas só são eleitos se obtiverem maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções.
Questionado sobre o caráter inédito de o PSD ter dado indicação de voto num candidato de outro partido, Luís Montenegro justificou-a com "a linha de transparência e de verdade" da atual direção do PSD.
"Não andamos com jogos nem truques, isso é do lado do PS e do Governo", afirmou, recordando que, quando PSD e CDS-PP tinham maioria parlamentar, os candidatos do BE e do PSD tiveram "apoio suficiente" dos sociais-democratas para serem eleitos.
"Não tem nada a ver com aproximações políticas, muito menos com coligações, tem a ver com democracia", reiterou, retirando-se em seguida.
O presidente do PSD reuniu-se hoje na sede do partido com associações e Federações do Ensino Superior, num encontro em que esteve acompanhado da vice-presidente Margarida Balseiro Lopes e do presidente da JSD, Alexandre Poço, e prometeu propostas do partido para breve.
"Ouvimos com grande preocupação o que nos foi transmitido, sobretudo ao nível do alojamento. O Governo, mais uma vez, falhou de forma clamorosa com os estudantes em Portugal", acusou.
Montenegro recordou, como já tinha feito o PSD numa recente pergunta parlamentar, que o Governo tinha prometido em 2018 duplicar em quatro anos o alojamento estudantil e, hoje, o número de camas "é exatamente o mesmo".
"O PSD irá nas próximas semanas confrontar o Governo com esta situação e apresentar algumas propostas neste domínio", assegurou.
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