Qatar? "Autoridades portuguesas tiveram mais vontade de se fazer ver"
Francisco Louçã considerou que a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Augusto Santos Silva nos jogos da fase de grupos do Mundial do Qatar "não muda nada no espírito da equipa", e que os líderes deviam, à semelhança de outros países, marcar uma posição em relação à violação dos direitos humanos.
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Política Francisco Louçã
Francisco Louçã criticou, esta sexta-feira, a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, no Mundial de futebol de 2022, no Qatar. “Não muda nada no espírito da equipa”, considerou, acusando os líderes portugueses de terem "mais vontade de fazer ver do que atenção" às violações dos direitos humanos no Qatar.
“Não nos damos conta de como é extraordinariamente rara a atitude de titulares de cargos públicos portugueses”, começou por afirmar o antigo líder do Bloco de Esquerda, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias.
Referindo que o Presidente da República já esteve presente num jogo da seleção nacional, na quinta-feira, e que o primeiro–ministro e o presidente da Assembleia da República estarão nos jogos da próxima semana, o político frisou que nesta fase de grupos, num total de 32 seleções, apenas estiveram presentes três presidentes ou chefes de Estado: Marcelo Rebelo de Sousa, o rei de Espanha, Felipe VI, e o rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud.
Já no que diz respeito a primeiros-ministros, “só António Costa e o governante do País de Gales”, Mark Drakeford, marcarão presença.
“Nenhum outro foi, não foram. E não foram por não gostarem de futebol ou por não apoiarem as suas equipas. Não foram porque quiseram marcar alguma reserva em relação à situação tão violenta do desprezo dos direitos humanos”, frisou.
Na ótica do bloquista, “Portugal devia ter feito o mesmo”, uma vez que “não diminuía o apoio público à seleção”, mas “evitava a vontade dos responsáveis políticos de se fazer fotografar, de ter uma oportunidade política, uma selfie política”.
“Acho que as autoridades portuguesas tiveram mais vontade de se fazer ver e às vantagens pessoais que possam ter nas suas vidas políticas do que propriamente atenção aos alertas que são dados sobre a vida no Qatar”, acusou.
Francisco Louçã considerou, no entanto, que se o Presidente da República tivesse afirmado que quereria marcar presença na final do Mundial do Qatar - se Portugal fosse finalista - a intenção seria “lida de forma diferente”.
“Esta ideia de todos os responsáveis políticos de topo - o número 1, o número 2 e o número 3 - estarem nos jogos de apuramento… Como se isso tivesse algum efeito sobre os jogadores. Não tem nenhum efeito sobre a equipa, não muda nada no espírito da equipa”, argumentou.
O Presidente da República assistiu, na quinta-feira, à estreia da seleção portuguesa de futebol no Campeonato do Mundo do Qatar, num jogo da fase de grupos, contra a seleção do Gana. Na segunda-feira, o primeiro-ministro irá assistir à partida contra o Uruguai e, na sexta-feira, o presidente da Assembleia da República marcará presença no jogo contra a Coreia do Sul.
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