Previsões? "Governo é otimista. Em excesso, causa problema nas famílias"
Paulo Portas apontou que "o Orçamento [do Estado] está aprovado, mas é possível que já esteja desatualizado". O facto de a Roménia nos poder 'passar à frente' foi outro dos temas em destaque.
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Política Paulo Portas
"Em matéria de previsões, o Governo está a ficar um pedaço isolado se considerarmos as organizações internacionais respeitadas - embora também, às vezes, como os governos, errem." Estas foram as palavras de Paulo Portas, no seu habitual comentário das noites de domingo, na CNN Portugal, onde foi pedida ao ex-vice-primeiro-ministro uma análise acerca das principais previsões divergirem das apresentadas pelo Executivo de António Costa.
"Vamos ver o que nos diz depois a realidade. Mas a verdade é que nós já temos as previsões do FMI, as previsões da Comissão Europeia e, agora, as da OCDE", apontou, salientando que, "em todos os itens relevantes há, de facto, uma diferença com aquilo que o Governo propõe".
"O Governo é sempre mais otimista e se, porventura, o otimismo for excessivo, isso causa um problema também nas finanças públicas, mas causa um problema nas finanças privadas de cada família e de cada cidadão", destacou Paulo Portas, salientando aquilo em que, na sua opinião, estes dados se poderão, efetivamente, traduzir.
A inflação - o dado onde a divergência entre o Executivo e a OCDE "é maior", com o Governo a prever 4% e a organização 6,6% - levou o comentador a reiterar que a previsão governamental lhe parece "muito otimista". "Isto pode significar que muitas famílias vão perder poder de compra em 2023".
"O cenário que a OCDE traça é um cenário onde há menos crescimento, há mais inflação e há até mais desemprego do que aquele que o Governo cita. Nesse sentido, o Orçamento [do Estado] está aprovado, mas é possível que já esteja desatualizado", assinalou ainda.
Roménia 'passa-nos à frente'?
Outro dos temas sobre o quais Paulo Portas versou, no mesmo espaço, foi o facto de a Roménia nos poder 'passar à frente' no PIB per capita ajustado por paridades de poder de compra.
"É preocupante que seja em períodos onde havia uma certa expectativa de crescimento que somos ultrapassados por mais países", frisou, ressalvando que "fomos ultrapassados pela Eslovénia, uma economia pequena, de leste, por Malta, pela República Checa, pela Lituânia, pela Estónia, pela Polónia, pela Hungria", em 2024, se tivermos em conta o crescimento potencial de Portugal e Roménia "seremos, de facto, ultrapassados".
O "único país que nós ultrapassámos foi a Grécia" o que, do ponto de vista do comentador, "não é brilhante". Noutra comparação, Paulo Portas disse que o que o impressiona "não é o IRC da Irlanda ser de 12,5%". "O que me impressiona é que há 25 anos que o é".
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