"Os professores sofrem da 'síndrome da quantidade', são muitos cerca de 150.000. Quando há um aumento de salário repercute-se enormemente no Orçamento do Estado.
Para uma greve ter impacto significativo são necessários muitos professores fazerem greve. Ao invés, se houver uma greve dos assistentes operacionais de uma escola meia dúzia inviabiliza o funcionamento de uma escola.
Devido à enorme quantidade de docentes, naturalmente, há muitos sindicatos, porém dever-se-iam unir para o bem de todos os docentes e evitar divisões que não levam a lado nenhum.
A ideologia dos sindicatos deve ser 'pelo bem da função docente'. É preciso respeito pelos professores como se vê em muitos cartazes. Respeito pela sua função, respeito pela sua autoridade, respeito pela sua idade, respeito pelo local onde vivem, respeito pelas suas habilitações, respeito pelos seus anos de serviço, respeito pela sua doença, respeito dos seus alunos, respeito dos pais dos seus alunos, respeito pelos seus diretores e respeito pelos seus colegas, entre outros.
Infelizmente, o que se vê é o total desrespeito pelos professores.
Os professores já têm inúmeros problemas com que se debatem, vem agora um ministro da Educação, que antes era secretário de Estado, querer que os diretores contratem docentes e incrementar a municipalização. Isso é um erro crasso.
O maior problema de cada ministro da Educação que toma posse, em vez de arrumar a casa e tentar resolver os problemas que estão pendentes e para trás há muitos anos, arranja mais problemas para os colocar em cima dos existentes.
Problemas que vêm de trás: contagem integral do tempo de serviço para efeitos de carreira; extinção das vagas na progressão e das quotas na avaliação; manutenção da paridade com a carreira técnica superior; eliminação da precariedade laboral na profissão; aprovação de um regime específico de aposentação que permita, também, o rejuvenescimento do corpo docente; regularização dos horários de trabalho; regime de mobilidade por doença.
Muda-se os ministros, mas a política é a mesma ou pior.
Eça de Queiroz dizia muito a propósito: “Todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises.”
O maior problema da política da Educação em Portugal é a falta de experiência e conhecimento dos políticos para a resolução dos seus problemas. A política de acaso e a política de expediente dão nisto."
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