Catarina Martins abandona liderança do BE. Reações (e possível sucessão)

A líder do BE afirmou que não se irá recandidatar na próxima Convenção Nacional bloquista, agendada para maio. A decisão mereceu reações dentro do próprio partido, do Governo e até do Presidente da República. E agora, o que se segue?

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© Henrique Casinhas/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
14/02/2023 19:17 ‧ 14/02/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

Política

Bloco de Esquerda

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, anunciou, esta terça-feira, que vai deixar a liderança do partido. Em conferência de imprensa, a responsável afirmou que não se irá recandidatar na próxima Convenção Nacional bloquista.

A partir da sede do BE, em Lisboa, Catarina Martins destacou as “vitórias e derrotas” e afirmou que “é o momento para que a coordenação do Bloco seja assumida por outra pessoa”

“O que me fez decidir neste momento foi pensar que é agora que o Bloco deve começar a preparação da mudança política que já aí está”, disse, sublinhando que continuará a apoiar o partido “em todas as lutas”. 

"Estou aqui, eu sou daqui, o Bloco é o partido onde eu estou e vou estar em todas as lutas, a luta toda como sempre. É com muita confiança que eu olho para o futuro do meu partido", assegurou.

Os agradecimentos à responsável por "uma viragem no país"

A deputada Joana Mortágua foi das primeiras políticas a reagir à saída de Catarina Martins, que “chega ao fim de uma década à frente do Bloco mantendo o apoio de um partido unido”. 

“Sai porque quer, porque acha que é o melhor para o Bloco. Temos tanto a agradecer-lhe que a única certeza boa é que continuaremos a contar com ela”, afirmou Joana Mortágua, numa publicação na rede social Twitter.

Francisco Louçã, fundador e ex-líder do BE, afirmou que Catarina Martins “fez o Bloco mais enraizado e mais capaz politicamente”. Na ótica de Louçã, a bloquista foi responsável por “uma viragem no país”, que “ameaçou a oligarquia”. 

“Conhecer a Catarina foi uma sorte para mim e porventura para outras pessoas, apoiá-la no seu combate foi uma honra, segui-la foi uma aprendizagem e ter a certeza de que continuamos lado a lado é uma tranquilidade”, acrescentou.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu ao anúncio de Catarina Martins e, apesar de não querer comentar “a vida dos partidos”, fez questão de deixar “uma palavra de cumprimento à coordenadora do Bloco de Esquerda”.

"Foram sete anos em que pude dialogar com ela, senão todas as semanas, com uma grande frequência", realçou.

Pelo Governo, o primeiro-ministro, António Costa, fez questão de desejar a Catarina Martins "as maiores felicidades na nova etapa da sua vida". "Em conjunto virámos a página da austeridade num caminho para mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade", destacou no Twitter.

O Partido Socialista também reagiu, com o presidente, Carlos César, a destacar o “papel muito relevante” de Catarina Martins no processo negocial de viabilização parlamentar do primeiro governo de António Costa.

"Catarina Martins teve, no processo negocial de viabilização parlamentar do anterior governo, um papel muito relevante e que deixa esse legado na esquerda portuguesa, não obstante, posteriormente, se ter afastado, bem como ao BE, desse impulso inicial fundamental", declarou o presidente dos socialistas, numa declaração à agência Lusa.

E agora quem se segue?

Catarina Martins afirmou ter “absoluta tranquilidade” por saber que “no Bloco de Esquerda há muitas pessoas com a capacidade, a força e a preparação” para assumir a liderança do partido.  

Até ao momento, não foi anunciado qualquer candidato ao lugar de Catarina Martins. No entanto, a SIC Notícias avançou que Mariana Mortágua reúne consenso interno no partido e deverá anunciar a sua decisão “nos próximos dias”.

Por outro lado, Pedro Filipe Soares e Marisa Matias, dois dos principais nomes do partido, afastaram a possibilidade de se candidatarem. Em declarações à agência Lusa, o líder parlamentar do BE considerou que o partido tem “uma maturidade inequívoca” e “não ficará órfão de qualquer liderança”

"O Bloco de Esquerda tem neste momento uma maturidade que é inequívoca e por isso não ficará neste momento órfão de qualquer liderança, tem uma linha política que está em discussão para a próxima convenção, tem a capacidade de garantir que ao longo dos próximos tempos fará a diferença na esquerda portuguesa, na vida das pessoas e isso é uma certeza absoluta", assegurou, agradecendo ainda a Catarina Martins “por todo o período em que esteve na coordenação e pelas capacidades que demonstrou ao longo desse período, quer internas quer externas, e pelas mudanças que ajudou a construir no país”.

Marisa Matias recorreu à rede social Twitter para também agradecer a Catarina Martins, “uma líder forte, carismática, corajosa e generosa”. À rádio Observador, a eurodeputada disse não estar disponível para suceder a bloquista

Catarina Martins está à frente do partido desde novembro de 2012, na altura em parceria com João Semedo, quando foram eleitos coordenadores do Bloco de Esquerda, então numa inédita liderança "bicéfala", modelo abandonado dois anos depois, na Convenção Nacional seguinte, em 2014.

A próxima convenção do partido está agendada para os dias 27 e 28 de maio, em Lisboa.

Leia Também: Catarina Martins deixa liderança do BE em maio "por razões políticas"

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