PSP na AML? "O Chega é o partido dos queixinhas de Portugal!"
O deputado do Bloco de Esquerda criticou aquilo que considera ser uma tentativa do Chega de instrumentalizar as forças de segurança em debates políticos, depois do incidente na Assembleia Municipal de Lisboa.
© Notícias ao Minuto/Anabela Dantas
Política Lisboa
O deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considerou esta quarta-feira que o Chega é "o partido dos queixinhas", depois de um incidente na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) em que um deputado municipal do Chega pediu a intervenção das forças policiais.
Para Pedro Filipe Soares, o deputado municipal do partido de extrema-direita "considerou que a resposta à falta de argumentos num debate democrático seria chamar as forças de segurança para o local e, com isso, interromper os trabalhos na AML".
"Os queixinhas - creio que é nome que se dá a este tipo de práticas - pretendem substituir o debate político pela instrumentalização das forças de segurança. E isso é atentatório nos espaços democráticos - uma assembleia municipal, uma Assembleia da República, não deveria nunca ser refém desse tipo de práticas", afirmou o deputado bloquista, numa audição com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
O partido dos queixinhas chamou a polícia para interromper uma Assembleia Municipal.
— Pedro Filipe Soares (@PedroFgSoares) February 15, 2023
Pararam os trabalhos e meteram os polícias em sarilhos, porque não sabem mais.
Quando começam a perder, desatam a fazer queixinhas.
O Chega é o genuíno PQP - Partido dos Queixinhas de Portugal! pic.twitter.com/YJfVOBpHjM
Na terça-feira, na sequência de um debate sobre uma mesquita no Martim Moniz, o deputado Bruno Mascarenhas, eleito pelo Chega para a AML, fez declarações islamofóbias e, por consequência, o deputado independente Miguel Graça, eleito pela coligação PS/Livre, afirmou que "o racismo é crime em Portugal", pedindo que a intervenção do membro do Chega fosse enviado para a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR).
Mascarenhas não gostou da resposta e chamou a Polícia de Segurança Pública (PSP) para apresentar queixa contra o deputado.
Pedro Filipe Soares salientou que "os queixinhas têm também como consequência o achincalhar, o instrumentalizar das forças de serviço de segurança", lamentando que "aqueles agentes da PSP que se deslocaram à AML, agora, por culpa do partido Chega e não por responsabilidade deles, até vão ser provavelmente objeto de um inquérito para avaliar a sua conduta".
De facto, a PSP confirmou ainda na terça-feira que foi instaurado um inquérito à atuação dos agentes na Assembleia Municipal de Lisboa.
Um deputado municipal do Chega em Lx chamou hoje a PSP a uma reunião da assembleia municipal para fazer queixa da intervenção de um outro deputado. Tem medo das palavras e vemos o que querem: o silêncio forçado dos outros. A nós não nos calarão, nem com ameaças. pic.twitter.com/mmVzAAMk1d
— Isabel Pires (@isabelruapires) February 14, 2023
"Esta instrumentalização apouca a nossa democracia mas apouca também as nossas forças de segurança, com consequências muito diretas na vida destes profissionais", disse Pedro Filipe Soares, pedindo a opinião ao ministro sobre o incidente e reiterando que "os queixinhas não podem mandar na forma como nós fazemos atividade política".
"O respeito que tem que haver pelos espaços de democracia e da atividade das forças de segurança é exigível a todos e também aos partidos políticos", reafirmou.
O episódio na AML mereceu a condenação por parte de vários partidos políticos, desde deputados municipais do CDS-PP e do Bloco de Esquerda, e pelo Livre, nomeadamente pelo deputado único do partido, Rui Tavares.
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