"O PS tem maioria absoluta e decidiu que devia juntar a presidência ao facto de ter também o relator, do meu ponto de vista é uma decisão errada que não enobrece os trabalhos da comissão de inquérito", afirmou Luís Montenegro, no final da reunião do grupo parlamentar do PSD.
Questionado se o PSD não devia ter votado contra a proposta do PS na quarta-feira, Montenegro contrapôs que os socialistas nem sequer deveriam ter avançado com essa hipótese.
"A vontade do PS é irrebatível, a partir do momento em que o PS a apresentou como facto consumado, a oposição não tem votos para a contrariar, mas parece-me um mau indicio", disse.
A deputada do PS Ana Paula Bernardo foi na quarta-feira designada relatora da comissão de inquérito à TAP, uma proposta apresentada pelos socialistas e aceite por todos os outros partidos. O PSD, através de Paulo Moniz, não se opôs à escolha feita pelo PS e desejou até felicidades, dizendo esperando que o trabalho "seja rigoroso".
Hoje, Montenegro criticou a opção dos socialistas, dizendo que "só falta mesmo saber se o PS já tem as conclusões feitas".
"Não vamos pactuar com isto, vamos querer esclarecer tudo o que houver a esclarecer e que a comissão parlamentar de inquérito tenha conclusões em função dos factos, depoimentos e não do que o PS parece querer ter à partida como conclusões. Acho que isso desvaloriza às comissões de inquérito e desonra e desprestigia o parlamento e a democracia", disse.
O presidente do PSD defendeu o PS "não deveria sequer ter colocado a hipótese" de ser o relator da comissão, já que o inquérito incide sobretudo sobre "atos do Governo PS", considerando "muito clara" a posição do PSD.
Na reunião da comissão na quarta-feira, o PS, pela voz do coordenador do partido na comissão, Carlos Pereira, apresentou a proposta da deputada socialista Ana Paula Bernardo como relatora, referindo que o seu percurso e "dados de competência" dão garantias para este trabalho.
Perante a anuência de todos os partidos, o presidente da comissão, o socialista Jorge Seguro Sanches, designou-a Paula Bernardo como relatora e desejou felicidades para o "muito trabalho que vai ter".
A relatora tomou depois a palavra para agradecer as palavras que lhe foram dirigidas e disse aceitar este desafio "com o compromisso de ter um trabalho rigoroso" que responda à expectativa de todos.
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