"Queremos chamar estas pessoas porque é preciso esclarecer cabalmente o que aconteceu porque não há compreensão de uma negócio com estes contornos. Parece haver coisas preocupantes e as conclusões do Tribunal de Contas apontam nesse sentido", justificou Rui Rocha, em declarações aos jornalistas.
O presidente da Iniciativa Liberal, que esteve hoje no terminal fluvial de Cacilhas para contactar com passageiros, anunciou que deu hoje entrada no parlamento de um requerimento no sentido de ser ouvido o atual ministro do ambiente, a administração demissionaria da Transtejo e ainda o então ministro Matos Fernandes.
Em causa está a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros (ME), num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 ME, de dez (um deles já com bateria para testes) novos navios com propulsão elétrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.
"A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição", considerou o TdC.
A presidente do conselho de administração, Marina Ferreira, apresentou a sua demissão após a divulgação do relatório e numa declaração aos jornalistas disse que "o procedimento foi bem feito e promoveu o interesse público", afirmando que as considerações do Tribunal de Contas são "ofensivas e ultrajantes".
Na quinta-feira o PCP e BE também pediram a audição do ministro do Ambiente e Ação Climática e do Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa.
Além das audições do ministro Duarte Cordeiro e da administração da empresa pedidas por bloquistas e comunistas, o PCP quer ainda ouvir o TdC.
Rui Rocha criticou também o atual estado do serviço de transporte fluvial, com supressões sistemáticas, defendendo, por isso, a privatização deste meio de transporte.
"Vamos entrar hoje com uma proposta legislativa no parlamento no sentido de promover a privatização deste serviço", disse o líder da iniciativa Liberal considerando que o Estado não tem sido capaz de gerir "este serviço essencial de mobilidade dos cidadãos".
A empresa, adiantou, tem prestado um mau serviço à população, perturbando a vida de milhares de utilizadores deste transporte dia após dia .
"Ninguém consegue organizar a sua vida laboral, a escola dos filhos e o regresso a casa com base num serviço com esta intermitência e com um perfil de fraca qualidade", frisou.
A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa.
As empresas têm uma administração comum.
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