"Há muitos anos que vou regularmente a votos e tenciono ir em 2026"

Sobre as relações conturbadas que mantém com o Chega, Augusto Santos Silva disse não entender "que deva haver um requisito de moderação" no Parlamento.

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Notícias ao Minuto
29/03/2023 12:07 ‧ 29/03/2023 por Notícias ao Minuto

Política

Augusto Santos Silva

"Há muitos anos que vou regularmente a votos e tenciono em 2026 ir a votos". A afirmação é do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, em entrevista ao jornal Público, no preciso dia em que se marca um ano em que foi eleito para o cargo.

Recordando que tem um "lugar de deputado no círculo eleitoral fora da Europa", pelo qual se tenciona "bater", o principal rosto do Parlamento português destacou ainda que não recusa "em absoluto qualquer função", questionado acerca da eventual candidatura ao cargo de Presidente da República.

Sobre o tema, Augusto Santos Silva considerou ainda ser "absolutamente extemporâneo discutir em 2022 ou 2023 uma eleição que decorrerá em 2026" e que tal seria uma "dupla descortesia" - "para com os deputados" que o elegeram como Presidente da Assembleia da República, e para Marcelo Rebelo de Sousa, "que está no início do seu segundo mandato" enquanto chefe de Estado.

Sobre as relações conturbadas que mantém com o terceiro partido com maior representação parlamentar, o Chega, Santos Silva disse não entender "que deva haver um requisito de moderação" no Parlamento, embora seja "a favor de posições políticas moderadas".

Porém, acerca das intervenções do partido liderado por André Ventura em sede parlamentar, o também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros destacou a "necessidade de o Parlamento respeitar quem, aliás, não está cá para se defender, seja chefe de Estado estrangeiro, sejam minorias étnicas" - fazendo alusão a algumas das mais recentes polémicas protagonizadas pelo Chega.

Assumindo-se como um "democrata", o ex-governante manifestou-se ainda "preocupado com o avanço da extrema-direita em toda a Europa", dizendo fazer todos os possíveis "para impedir esse avanço" - embora, enquanto Presidente da Assembleia da República, não ser "esse o registo" em que se situa, ressalvou.

Sobre esse tema, apontou ainda: "No momento em que as forças antidemocráticas estão a ganhar tanto peso na Europa, é muito importante que em Portugal todos os democratas se unam para barrar o caminho a essas forças".

Augusto Santos Silva disse também, no seguimento desta ideia, que é isso que entende fazer "sempre" que chama "a atenção de um deputado que está a sugerir que os estrangeiros que vivem em Portugal nos estão a roubar", ou quando um parlamentar "sugere que uma comunidade como tal é caracterizada por um certo comportamento criminal".

Ressalvando que o "Parlamento tem agido e funcionado em total normalidade", o Presidente da Assembleia da República não deixou de lembrar que do "ponto de vista do trabalho quotidiano, faz diferença haver só dois vice-presidentes, porque têm tido um trabalho acrescido, por serem apenas dois".

Já sobre o "clima social" vivido atualmente no país, o socialista considerou que o mesmo "está muito longe de estar tão fraturado como esteve na I República". E concluiu: "Não há ninguém que queira discutir em Portugal o regime. Se há repúblicas, impérios, se é monarquia. Não temos nenhuma questão dentro dos órgãos de soberania, cada um exerce as suas funções em grande harmonia".

Leia Também: Santos Silva manifesta-se consternado com "ataque vil" no Centro Ismaili

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