"Saio daqui convencido de que o PS está numa dinâmica de destruição da sua própria solução. O primeiro-ministro está com tempos muito curtos, está em constante campanha eleitoral, constantemente a apresentar medidas porque sente que o país lhe está a fugir", disse aos jornalistas Rui Rocha no final de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o presidente da IL, a maioria absoluta "já não resolve os problemas do país de todo" e apenas permite a António Costa "ter a tentação de continuar agarrado ao poder sem que isso contribua beneficamente para o país".
"António Costa está-se a encarregar de esgotar a sua própria solução política", acusou, reiterando que "é nociva a continuidade desta solução política".
Rui Rocha criticou ainda "um primeiro-ministro completamente focado para dentro do seu próprio partido, a falar para dentro do seu partido, sem opções, sem soluções para o país".
"Aquilo que eu disse ao senhor Presidente da República é que a Iniciativa Liberal faz parte da solução. Uma solução não de mudar um Governo por mudar para que tudo continue na mesma, mas porque é preciso mudar o país e é preciso mudar este cenário de estagnação", referiu, considerando que a responsabilidade dos liberais neste momento é apresentar soluções e propostas aos portugueses.
Questionado sobre eventuais entendimentos pós-eleitorais, o líder da IL afirmou que tem "sido muito claro" e que isso o dispensa "de estar sucessivamente a repetir seja o que for relativamente a isso".
"A IL foi muito clara com quem se entende e com quem não se entende e portanto isso liberta a IL para discutir o futuro do país e portanto eu não tenho necessidade de estar sistematicamente a responder a isso porque já fui muito claro", enfatizou.
Rui Rocha sempre disse que recusa integrar qualquer solução governativa que envolva o Chega.
Para o presidente liberal, "há uma decadência evidente das instituições", sendo urgente "valorizar o esforço, o sucesso e o trabalho" e compensar devidamente quem trabalha em Portugal.
"É preciso, de uma vez por todas, começar a dizer: deixem os portugueses trabalhar, e o PS não tem feito isso, tem impedido que os portugueses possam trabalhar, possam realizar-se, possam crescer com o país", criticou.
Questionado sobre a notícia avançada hoje pelo Jornal de Notícias sobre a saída de 14 militantes da ala conservadora que contestam as políticas identitárias do partido, Rui Rocha começou por referir que a IL tem "um programa político muito claro e programas eleitorais muito claros".
"É verdade que temos a notícia de saída de 14 pessoas, mas desde a convenção, em janeiro, aumentou em dezenas o número de novos membros da Iniciativa Liberal e, portanto, o balanço que eu faço é positivo. O partido está a crescer", disse.
Por isso, para o líder da IL, estas pessoas que saem do partido "têm toda a legitimidade para o fazer" porque "não se reveem", sendo também "legítimo que esta Comissão Executiva defenda aquilo que foi aprovado na Convenção Nacional".
O presidente da IL pediu, no início de março, esta audiência ao Presidente da República sobre a ausência de voto antecipado em mobilidade nas regionais da Madeira, fazendo um apelo às autoridades daquela região autónoma para que se avance com esta possibilidade, uma preocupação que levou a Marcelo Rebelo de Sousa e que considerou ter conseguido sensibilizar.
[Notícia atualizada às 16h57]
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