O antigo ministro social-democrata Miguel Poiares Maduro defendeu, numa entrevista, dada na quinta-feira à RTP, que Marcelo Rebelo de Sousa "usou" João Galamba como "forma de atacar" António Costa.
"O Presidente da República usou o ministro [das Infraestruturas] como forma de atacar o primeiro-ministro, sem o fazer diretamente e isso, no meu ponto de vista, é até algo injusto dada a posição do Presidente [da República] face ao ministro", disse, acrescentando que "era desnecessário" porque as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa "reduziram a zero" a autoridade política de João Galamba.
"Acho que era desnecessário um massacre daqueles que, no fundo, elimina, reduz a zero, a autoridade política daquele ministro e vai dificultar muito àquele ministro o exercício das suas funções governativas", atirou.
Uma posição que o ex-ministro adjunto de Pedro Passos Coelho voltou a reiterar, esta sexta-feira, no Twitter.
"Sim, é verdade, acho que a violência das críticas do Presidente da República contra Galamba foram inversamente proporcionais às críticas que queria e não podia fazer diretamente a Costa... Resultado: não é isso o que de mais grave se tem passado mas foi nisso sobretudo que o Presidente da República se concentrou…", tweetou.
Além disso, para o social-democrata, apesar das palavras de Marcelo Rebelo de Sousa darem uma "estabilidade formal no imediato, infelizmente para o país, provavelmente vamos ter muito mais instabilidade no futuro".
Sim, é verdade, acho que a violência das críticas do PR contra Galamba foram inversamente proporcionais às críticas que queria e não podia fazer diretamente a Costa... Resultado: não é isso o que de mais grave se tem passado mas foi nisso sobretudo que o PR se concentrou… https://t.co/7uhkEC67c0
— Miguel Poiares Maduro (@MaduroPoiares) May 5, 2023
"Uma humilhação pública do Presidente da República"
Já sobre a responsabilidade deste 'bate pé', entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Poiares Maduro garante que a culpa é dos dois, apesar de atribuir ao primeiro-ministro a 'machadada final'.
"Acho que a responsabilidade é de ambos porque o Presidente da República não deveria ter provocado o primeiro-ministro, quando faz na prática sair um artigo em que coloca o primeiro-ministro em posição de quase seu subordinado dizendo o Presidente da República quer a demissão do ministro. Isso colocou o primeiro-ministro numa posição muito difícil. O que eu acho é que o primeiro-ministro, em vez de tentar resolver esse problema, acabou por subir a parada com uma encenação do pedido de demissão que depois não é aceite e que se transformou numa humilhação pública do Presidente da República e é isso, do meu ponto de vista, que envenena de forma quase irreversível a relação dos dois para o futuro", explicou o ex-governante.
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