Esta posição foi defendida por Eurico Brilhante Dias no programa da Rádio Renascença São Bento à Sexta, em que participa em debate com o presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento.
No período deste debate dedicado à demissão do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira - entretanto constituído arguido e alvo de buscas no âmbito do processo Tempestade Perfeita -, o líder da bancada do PS defendeu a tese de que "estes episódios em torno do Ministério da Defesa não são novos".
Eurico Brilhante Dias recordou então o caso com os submarinos, que acabou arquivado, assim como outros casos passados relacionados com a aquisição de equipamentos militares, bem como o episódio em torno das obras no Hospital Militar de Belém, que envolveu o ex-diretor geral Alberto Coelho, que chegou a estar detido e foi constituído arguido.
"Devemos olhar com particular atenção para as aquisições na área da Defesa. Os episódios repetem-se com alguma frequência. Parece haver algum padrão. O conjunto das Forças Armadas e do Ministério da Defesa têm de olhar. Se fosse ministro, faria uma auditoria geral aos processos de aquisição do Ministério da Defesa Nacional", declarou o líder parlamentar do PS.
Eurico Brilhante Dias ressalvou que não pretende tomar qualquer iniciativa política, mas frisou que se deve "perceber se os mecanismos são transparentes, onde podem ser melhorados e desenhar novos processos".
"Isto [no Ministério da Defesa] parece ser um padrão - um padrão em algumas circunstâncias pouco claro e transversal a governos. É uma ponderação que entendo que deve ser feita. As conclusões dos processos judiciais são as que são", assinalou, numa alusão ao caso dos submarinos e a outras situações duvidosas que ocorreram no Ministério da Defesa.
No plano político, Eurico Brilhante Dias remeteu para o primeiro-ministro, António Costa, a eventual decisão de operar uma remodelação no Governo, mas rejeitou a existência de uma situação de instabilidade.
"Do atual Governo, até agora, saíram dois ministros: o das Infraestruturas e Habitação] Pedro Nuno Santos] e a da Saúde Marta Temido], por motivos distintos. Isso não faz alterar políticas e objetivos de governação", sustentou.
Pelo contrário, o líder parlamentar do PSD considerou que Marco Capitão Ferreira estava já numa situação de fragilidade política.
"Mantemos o interesse em ouvi-lo assim como ao ministro João Gomes Cravinho. Em relação ao secretário de Estado, está na sua esfera de decisão ir ou não ao parlamento -- até para sua própria defesa política deveria ir. Entendemos que o ministro da Defesa na altura dos factos deve ser chamado -- e nós vamos chamá-los", disse.
Joaquim Miranda Sarmento acentuou que o ministro dos Negócios Estrangeiros "já está fragilizado há muito, até pelo caso que envolve as obras no Hospital Militar" de Belém.
"Quando achamos que o Governo vai ter um bocadinho de estabilidade há sempre uma nova situação. O primeiro-ministro não consegue sair deste caldo de irresponsabilidade, confusão e desnorte. Provavelmente, já não consegue recrutar para uma mudança que trouxesse alguma calma interna ao Governo", afirmou.
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