A antiga vice–presidente do CDS Cecília Meireles comentou, esta segunda-feira, a carta enviada pelo Governo português à Comissão Europeia sobre a habitação e considerou um "enorme desplante" que o primeiro-ministro, António Costa, diga "agora que é a União Europeia que tem de resolver o problema".
No programa 'Linhas Vermelhas' da SIC Notícias, Cecília Meireles lamentou que o Governo discuta a questão da habitação como se "tivesse surgido este ano ou no ano passado" e lembrou que os valores "têm vindo a subir paulatinamente nos últimos cinco ou seis ano" e "só agora é que o Governo acordou para assunto".
Na ótica de Cecília Meireles, o pacote 'Mais Habitação' representa uma "profunda imaturidade", lembrando que "não basta pegar numa caneta e num papel e aprovar leis para os problemas aparecerem magicamente resolvidos" e que o problema está também relacionado com um desaceleramento na construção.
Neste sentido, a democrata-cristã considerou que o "problema da habitação" não está resolvido nem será resolvido em breve e que é "um enorme desplante o primeiro-ministro vir dizer que agora é a União Europeia que tem de resolver o problema".
"Sempre que há alguma coisa é mérito do Governo, sempre que há alguma coisa má é um problema da União Europeia", ironizou, acrescentando que o "valor com mais dimensão" do Plano de Recuperação e Resiliência "era precisamente para a habitação".
"Se está a ser executado lentamente, a culpa não é da União Europeia", atirou.
O Governo enviou à Comissão Europeia as suas prioridades para 2024, num conjunto de 15 propostas, que incluem uma iniciativa europeia de habitação acessível ou um "enquadramento para a resiliência das superfícies aquáticas e a disponibilidade de água".
Numa nota publicada no 'site' oficial do executivo, o Governo adianta que estas são as principais preocupações de Portugal enviadas no âmbito do programa de trabalhos da Comissão Europeia para o próximo ano.
Na sexta-feira, a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, disse que a carta que o Governo fez chegar à Comissão Europeia sinaliza a habitação como uma prioridade que é "transversal a toda a Europa", numa listagem que visa definir "os grandes desafios comuns".
Segundo disse aos jornalistas, "a carta que o primeiro-ministro enviou [para a Comissão Europeia] é enviada todos os anos [desde 2022] para definir aquelas que são as prioridades ao nível europeu".
A ministra frisou ainda que "o problema de acesso à habitação e o aumento dos custos é um problema transversal a toda a Europa".
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