"Estas eleições têm uma leitura regional e uma nacional. A regional é clara: as pessoas querem ou não o Chega para transformar o panorama político regional. Mas há uma leitura nacional, que o Chega/Madeira também conhece: é a primeira eleição em que vários líderes nacionais vão a votos -- Rui Rocha [IL], Mariana Mortágua [BE], Paulo Raimundo [PCP], entre outros. Esses têm andado escondidos. Eu estou aqui. Essa é que é a diferença", declarou.
André Ventura respondia aos jornalistas, no âmbito de uma arruada no centro da cidade de Câmara de Lobos, na zona oeste da ilha, ao ser questionado sobre o facto de participar regularmente em ações de campanha da candidatura do Chega, encabeçada por Miguel Castro, e também do seu rosto aparecer na maioria dos cartazes.
"É muito possível que o Chega venha a ser decisivo no parlamento regional no próximo domingo, isto são votos dos madeirenses, que sabem que o candidato a presidente do Governo Regional não se chama André Ventura, chama-se Miguel Castro", disse, para logo reforçar: "Acho que os madeirenses querem o peso do Chega, mais que André Ventura ou Miguel Castro. Querem que o Chega, com as posições que tem tido, faça a diferença na Madeira, contra a corrupção, contra o clientelismo".
André Ventura afirmou que os outros líderes nacionais se vão esconder na noite das eleições e considerar que o resultado das candidaturas dos respetivos partidos na região não é da sua responsabilidade.
"No Chega não funciona assim. Se correr mal ao Miguel Castro e ao Chega/Madeira, corre mal a mim", disse.
O presidente do Chega esclareceu, por outro lado, que o partido rejeita qualquer entendimento com o PS, ao contrário do que o cabeça de lista Miguel Castro deu a entender recentemente numa entrevista, ao responder "não sei, não necessariamente".
Ventura disse também que o partido não fará qualquer acordo com o PSD, liderado por Miguel Albuquerque, atual presidente do Governo Regional, que se candidata a um terceiro mandato, agora à frente da coligação PSD/CDS-PP, atualmente no governo.
"O Chega é oposição na Madeira, as sondagens mostram que vamos ter um peso predominante no parlamento regional da Madeira", afirmou, vincando, no entanto, que uma nova maioria absoluta será uma derrota para o partido.
As legislativas da Madeira decorrem em 24 de setembro, com 13 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.
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