PCP e PS acusam Moedas de desistir de habitação acessível em Lisboa

O PCP na Câmara de Lisboa acusou hoje a liderança PSD/CDS-PP de desistir de habitação a custos acessíveis, crítica acompanhada pelo PS que disse que o presidente do executivo, Carlos Moedas (PSD), está dependente dos projetos da anterior governação.

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Lusa
27/09/2023 20:05 ‧ 27/09/2023 por Lusa

Política

Lisboa

"O que temo é que o senhor presidente esteja a dormir à sombra da bananeira, em cima dos projetos que lhe foram deixados e das obras que lhe foram deixadas, e que estejamos a desbaratar o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e ver o tempo a passar e nada a acontecer", declarou a vereadora do PS Inês Drummond, criticando a liderança PSD/CDS-PP.

A socialista falava na reunião pública de câmara e referia-se às declarações de Carlos Moedas no balanço que o social-democrata fez de dois anos à frente da câmara lisboeta.

Na altura, o autarca disse que o seu mandato se tem resumido ao verbo fazer.

"O que nós lhe deixámos em obra, casas novas em obra, foram 776 casas, [...]. O senhor presidente, neste momento, quando diz que entregou 1.000 casas, deixámos-lhe estas todas em obra, portanto não era difícil [...]. Nós queremos é mais ambição com este dinheiro todo", afirmou Inês Drummond, realçando a execução das verbas comunitárias do PRR.

A vereadora do PS apontou ainda o "tradicional modo de autoelogio permanente" de Carlos Moedas, que numa entrevista sobre os dois anos de mandato disse que teve "uma decisão corajosa" de assinar um acordo de 560 milhões com o Governo para investir em habitação, criticando a postura do autarca: "Eu sou muito corajoso, sou o maior da minha rua ou aqui da minha cidade".

"O senhor presidente está sempre a falar dos números e das casas. Deixe-me dizer-lhe que o Partido Socialista no mandato anterior [2017-2021] entregou 2.482 casas, em quatro anos, é certo. O senhor presidente ao fim de dois anos entregou 1.000 casas. Muito bem. Queremos que entregue mais e seremos os primeiros, senhor presidente, a aplaudir se conseguir ir mais além. Queremos que o faça. Na altura não havia PRR. Não havia dinheiro a entrar. Na altura era financiamento da câmara", acrescentou a socialista.

Pelo PCP, João Ferreira expôs a decisão da liderança PSD/CDS-PP de "desistir de mais um projeto de habitação a custos acessíveis", referindo-se ao projeto na Quinta Alfarrobeira, em São Domingos de Benfica, em terrenos do Estado que seriam cedidos à câmara para "um projeto com centenas de casas a preços acessíveis".

O comunista disse que a câmara "deu uma desculpa meio esfarrapada" para não aceitar aquele projeto de habitação acessível, citando aquela que foi a resposta: "avaliada a opção em concreto e as várias implicações da mesma, entre elas a nível de encargos, reforçando ainda por alternativas e disponibilidade de outros locais que já fazem parte do património municipal, a decisão foi de que, estrategicamente, não fazia sentido manter essa possibilidade".

João Ferreira sublinhou ainda que "o projeto de habitação a custos acessíveis no Alto do Restelo continua sem andar, continua metido numa gaveta, quando estava pronto a arrancar há dois anos", acrescentando que se prevê a construção de 600 casas, mas tal aguarda o relatório da consulta pública.

"Andam a arrastar os pés para não fazer nada", acusou o vereador do PCP.

Relativamente ao balanço de Carlos Moedas sobre os dois anos de mandato, em que resumiu a "fazer, fazer, fazer", o comunista afirmou que, "neste caso, não faz, não faz, não faz".

"Por sua iniciativa, não está nada em construção e, portanto, não faz", concluiu João Ferreira, questionando o desinvestimento na rede Gira de bicicletas partilhadas e quanto é que a câmara decidiu pagar à organização do evento de ciclismo La Vuelta para que o mesmo começasse em Lisboa, não tendo obtido resposta.

Sobre o projeto de habitação acessível na Quinta da Alfarrobeira, a vereadora da Habitação, Filipa Roseta (PSD), assegurou que a câmara "não desistiu de coisa nenhuma", explicando que o Ministério da Defesa estava a tentar vender o terreno "no valor de 20 a 30 milhões de euros", apenas com o direito de superfície, ou seja, o município não ficava com propriedade plena.

"Achámos que nós temos imensas coisas para fazer e aquilo pode ser feito diretamente pelo próprio IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], sem ninguém ter de comprar o terreno", sustentou Filipa Roseta, acrescentando que a câmara tem 800 milhões de euros para obras até 2028.

O projeto na Quinta da Alfarrobeira "seria o projeto mais caro de todos", porque, além do preço da obra, a câmara tinha de pagar o terreno e não ficava com propriedade plena, apontou a autarca do PSD.

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