"Este Orçamento do Estado é a maior vigarice da nossa história", afirmou o líder do Chega, classificando também o documento apresentado pelo Governo como "indecente, incrivelmente mentiroso, inqualificável", além da "maior burla aos portugueses de que há memória".
Na sua intervenção no regresso dos debates quinzenais na Assembleia da República, André Ventura afirmou que, no próximo ano, "os portugueses vão entregar mais dinheiro ao Estado", falando também na "vergonha de aumento do IUC [Imposto Único de Circulação] que deixaria corado qualquer democrata".
Ventura disse ainda acreditar que o primeiro-ministro tem "três mãos": "há as duas mãos, as que governam, e há a mão que está sempre a gamar os portugueses".
Na resposta, o primeiro-ministro indicou ser "difícil manter" com André Ventura "um debate ao nível que a Assembleia da República está habituada".
"Quando um orador usa excesso de adjetivos, de agressividade e de insulto é porque tem défice de razão e, portanto, quando o senhor deputado precisa de utilizar expressões como gamar, tretas, vigarice, burla, cada uma destas palavras só quer dizer que não tem a menor razão ou credibilidade para dizer o que quer que seja", acusou.
"Depois de o senhor deputado ter dito que acredita mesmo que eu tenho três mãos, estamos todos esclarecidos sobre a credibilidade de qualquer coisa que o senhor deputado possa dizer", acrescentou o chefe de Governo.
O primeiro-ministro considerou também que o presidente do Chega escolheu "recorrer a uma manobra de diversão" em vez de "ter uma discussão séria em matéria fiscal".
"Nós iremos ter brevemente o debate do Orçamento do Estado e, até lá, o senhor deputado pode preparar-se e encontrar argumentos passíveis de discussão, e reconduzir-se ao nível próprio do debate em democracia", realçou.
Na sua intervenção, André Ventura referiu também o conflito entre Israel e o Hamas, questionando se as posições de BE e PCP sobre esta matéria incomodam o primeiro-ministro.
O líder do Chega quis saber também se "sente vergonha dos antigos parceiros", acusando bloquistas e comunistas de considerarem "farinha do mesmo saco" os dois lados do conflito.
Sobre este tema, Costa disse não existir "nenhum embaraço" da sua parte e salientou que "cada um sempre manteve a sua identidade, a independência das suas posições e a divergência sobre as posições de cada um".
"Existe seguramente uma oposição da posição que [BE e PCP] têm relativamente à posição do Governo, e uma discordância minha em relação à posição deles, como é normal em democracia", salientou.
[Notícia atualizada às 17h27]
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