Paulo Raimundo falou no Palácio de Belém, em Lisboa, depois de uma reunião de uma delegação do PCP com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que começou hoje a ouvir os partidos com parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2024.
Aos jornalistas, admitiu que o partido poderia alterar o sentido de voto no Orçamento do Estado caso o Governo concordasse em baixar o IVA da eletricidade e aumentar salários significativamente, mas considerou que dificilmente pode acontecer.
"Aquilo que se exige é o aumento dos salários e das pensões, medidas concretas que deem resposta aos problemas gravíssimos que se enfrentam no quadro da habitação e em particular no Serviço Nacional de Saúde (SNS), medidas que combatam o aumento do custo de vida e que avancem na brutal injustiça fiscal em que vivemos", começou por dizer o Secretário-Geral do Partido Comunista Português.
"Se for essa a opção do governo, naturalmente que estaríamos disponíveis para dar esse acordo. É claro que não me parece que seja essa a opção do Governo", assinalou.
Paulo Raimundo reiterou que importa dar resposta às desigualdades, dando como exemplo os resultados dos lucros "escandalosos - em função do aperto" do primeiro trimestre deste ano.
"Viemos dizer ao senhor Presidente é que, no nosso entender, este Orçamento do Estado não responde a nenhum dos problemas que o país enfrenta e que, ainda por cima, os agrava - nomeadamente na injustiça fiscal", disse Paulo Raimundo, sublinhando que "há um diferença brutal" em como se vive em Portugal e aquilo que é a "propaganda do Governo".
Questionado depois sobre as polémicas declarações de Marcelo sobre a guerra no Médio Oriente e se a participação do Presidente na manifestação pró-Palestina amenizou a situação, o secretário-geral do PCP disse que o tema não foi abordado na reunião, mas que, independentemente "desta ou daquela expressão utilizada", Marcelo está "comprometido" com as decisões do país e das Nações Unidas.
Ainda sobre controvérsias associadas a Marcelo, nomeadamente à sua alegada interferência no caso das gémeas luso-brasileiras, Paulo Raimundo pediu que se esclareça "o que é preciso esclarecer", mas que Marcelo já se terá justificado, abordando ainda a importância da saúde e que esta "não tem preço".
[Notícia atualizada às 17h26]
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