BE propõe reduzir IVA da eletricidade para 6% em todas as faturas

A coordenadora do BE propôs hoje reduzir o IVA da eletricidade para a taxa mínima de 6% em todas as faturas, defendendo que é uma medida "da mais elementar justiça" que permite combater a pobreza energética no imediato.

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Lusa
12/01/2024 11:55 ‧ 12/01/2024 por Lusa

Política

Bloco de Esquerda

Em conferência de imprensa na sede nacional do BE, em Lisboa, Mariana Mortágua indicou que esta proposta vai constar no programa eleitoral do partido e salientou que iria ter um "impacto muito significativo na fatura de quem consome eletricidade".

"Para um consumo médio, uma potência contratada de 3,45 kVA, a poupança anual seria superior a cem euros: 115 euros. Para uma potência contratada de 6,9 kVA, seria uma poupança anual de 126 euros", referiu.

Segundo Mariana Mortágua, a medida visa "acabar com a injustiça" que se verificou desde que, em 2011, o Governo do PSD e CDS decidiu aumentar o IVA da eletricidade dos 6% para os 23%, tal como constava no memorando da 'troika'.

Desde então, defendeu a coordenadora do BE, o PS não quis alterar esse IVA, a não ser para implementar "medidas de remendo", mexendo "todos os anos um bocadinho mais, mas sem nunca o baixar".

"Em 2020, [o Governo] baixa o IVA da eletricidade para 6%, mas só sobre as tarifas de acesso e só para clientes com potência contratada muito baixa. Em 2021, o IVA desce para 13%, mas só nos seis primeiros seis quilowatts de consumo e para potências contratadas até a um determinado limite. Em 2023, o IVA reduzido passa de 13% para 6%, mas só num pequeno consumo e para algumas potências contratadas", disse.

Para Mariana Mortágua, "são sempre políticas de remendo para não fazer aquilo que está certo, que é baixar o IVA da eletricidade".

A coordenadora do BE referiu que Portugal é "recordista de pobreza energética", apesar de ter dos invernos mais clementes em termos de temperatura a nível europeu, e sublinhou que esta medida é "uma das formas de combater a pobreza energética num plano mais imediato e mais urgente".

Mariana Mortágua contrariou a ideia de que o IVA da eletricidade tem se manter elevado para proteger o ambiente, tal como disse ser invocado pelo PS, defendendo que é um argumento "falso porque ninguém consome mais eletricidade só porque o IVA é um pouco mais barato".

A líder bloquista referiu que, "quem tende a aumentar o seu consumo quando o IVA baixa, é porque precisa mesmo de aumentar esse consumo e precisa mesmo porque está a passar frio no inverno, porque abdicou de aquecer a sua casa, porque não consegue suportar a fatura da luz".

"O IVA da eletricidade tem de voltar a ser taxa mínima, a eletricidade não é um bem supérfluo, não é um bem de luxo, é um bem essencial à vida das pessoas, é um bem essencial para que toda a gente se possa aquecer no inverno, para que consigamos combater a pobreza energética", defendeu.

Mariana Mortágua indicou que, para combater a pobreza energética, são também necessárias medidas de eficiência energética nas casas, e anunciou que o seu partido irá apresentar em breve propostas nesse sentido que irão também constar do programa eleitoral.

Questionado se a redução do IVA da eletricidade vai ser uma das questões centrais num eventual acordo com o PS após as legislativas, Mariana Mortágua desafiou os restantes partidos a pronunciarem-se sobre esta proposta, e salientou que as prioridades do BE são "justiça fiscal, diminuir a carga dos impostos indiretos, melhorar os salários, o acesso à saúde, à educação".

"É importante que, neste processo de campanha eleitoral, todos os partidos digam ao que vêm. (...) O BE está a fazer aquilo a que se comprometeu: apresentar as suas prioridades e convocar os restantes partidos ao debate. Esse é o início de um processo de diálogo que queremos que aconteça", disse.

Leia Também: Mortágua diz que reivindicações dos polícias "são mais do que justas"

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