O antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, comentou, na segunda-feira, a VI Convenção Nacional do Chega, que decorreu desde sexta-feira passada até domingo, afirmando que pareceu "uma mixórdia de temáticas, um leilão de coisas irrealizáveis".
"Nós, em Portugal, estamos, não apenas do ponto de vista do comentário, mas do espaço mediático, de certa maneira fascinados por uma atração do abismo com esta concentração a discutir o Chega, a discutir os pormenores do Chega, àquilo que o Chega diz", começou por referir na CNN Portugal.
Campos Fernandes apontou ainda que "a Convenção do Chega pareceu, para quem tivesse sentado com alguma atenção, uma mixórdia de temáticas, um leilão de coisas irrealizáveis". "Parece que estamos, de repente, no absurdo. 50 anos depois do 25 de abril parece que estamos deslumbrados pelo abismo", acrescentou ainda.
No entanto, na ótica do ex-ministro, "os partidos tradicionais têm responsabilidade nisto - quer os partidos que foram governo, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata". "Os eleitores que se sentem atraídos por esta proposta não são irracionais, eles procuram escoar ali o descontentamento, frustração, revolta", atirou.
O que falta, para Campos Fernandes, é que "os adultos cheguem à sala, do ponto de vista político, e que, de forma clara, o bloco de centro direita liderado pela Aliança Democrática e o bloco de centro esquerda liderado pelo Partido Socialista se afirmem".
E continuou: "Por um lado, com projetos políticos claros e alternativos, depois, para que as pessoas percebam a diferença, e, finalmente, para que racionalizem ou interiorizem porque razão não vale a pena desperdiçar votos em aventuras".
A VI Convenção Nacional do Chega terminou, no domingo, em Viana do Castelo, com a eleição dos órgãos nacionais, a votação das alterações aos estatutos e o discurso de André Ventura, que foi no sábado reeleito presidente do partido.
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