Da "ambiguidade" a força "centro progressista". O debate entre PS/PAN

O secretário-geral do PS criticou hoje "a ambiguidade" com que o PAN se posiciona no quadro político, numa alusão ao acordo celebrado na Madeira, enquanto a porta-voz deste partido contrapôs que são uma força de "centro progressista".

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
10/02/2024 22:34 ‧ 10/02/2024 por Lusa

Política

Legislativas

Pedro Nuno Santos e Inês de Sousa Real assumiram estas posições num debate na TVI em que, sem fechar a porta a futuros entendimentos, divergiram sobre impostos e projetos de infraestruturas, e ao qual a porta-voz do PAN levou os temas do centro de dados em Sines e da exploração de lítio investigados na Operação Infuencer.

Interrogado se conta com o PAN no caso de vencer as eleições legislativas antecipadas de 10 de março sem maioria absoluta, o secretário-geral do PS respondeu que logo se verá "qual é a melhor solução" em função "da configuração parlamentar que sair".

"Não faz sentido estar a antecipar cenários, mas não deixa de ser curioso a ambiguidade do PAN relativamente ao centro-esquerda e ao centro-direita", acrescentou, numa alusão ao acordo de incidência parlamentar que o PAN estabeleceu na Madeira com a coligação PSD/CDS-PP.

Inês de Sousa Real afirmou: "Somos centro progressista". Pedro Nuno Santos retorquiu que não sabe bem "o que é que isso significa" e considerou que partidos como o CDS-PP e o PPM "estão nos antípodas do PAN".

A porta-voz do PAN argumentou que as realidades regionais e nacional são diferentes, dando um exemplo: "Na Madeira não há touradas". Em termos gerais, admitiu entendimentos com forças políticas que permitam "fazer avançar" as causas do PAN.

"Nós próprios também já reconhecemos que a Aliança Democrática (AD) [coligação entre PSD, CDS-PP e PPM] que agora se apresenta a eleições não tem condições, não faz sequer um exercício do século XXI ao trazer como aliados Gonçalo da Câmara Pereira e Nuno Melo e, portanto, isso já ficou bem claro", ressalvou.

Por outro lado, Inês de Sousa Real salientou que para o PAN "o Chega foi sempre uma linha vermelha".

Logo de seguida, a deputada única do PAN levantou o tema do centro de dados em Sines, alegando que vai "destruir milhares de sobreiros".

Mais à frente, contestou também a exploração de lítio e referiu que o PAN defendeu no parlamento "a suspensão destes projetos" sob investigação na Operação Influencer, que motivou a demissão do primeiro-ministro, em relação aos quais exigiu um "reforço da transparência".

Neste ponto, Pedro Nuno Santos sustentou que é preciso "conciliar o interesse ambiental com o interesse económico" e que "o que é fundamental é que cada projeto cumpra a lei", mas colocou a tónica na necessidade de desenvolvimento do país, observando: "Não podemos é estar sistematicamente no pára-arranca".

Em matéria de impostos, o secretário-geral do PS colocou o PAN ao lado dos partidos à direita que veem a descida do IRC como "solução milagrosa" para o crescimento económico. Inês de Sousa Real frisou que a proposta do PAN de reduzir este imposto até 17% "tem um teto máximo que não abrange as grandes empresas" e defendeu que esta "é uma forma de ter investimento em Portugal".

Pedro Nuno Santos aproveitou este frente-a-frente com o PAN em período de pré-campanha para as legislativas para responder a uma afirmação feita na sexta-feira pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, na apresentação do programa eleitoral da AD, de que o Governo do PS "cortou pensões" no valor de mil milhões de euros.

Segundo o secretário-geral do PS, essa foi "talvez a maior mentira desta campanha eleitoral" e impõe-se "que a verdade seja reposta".

"O Governo do PS não fez nenhum corte de pensões. Eu percebo que o líder do PSD se queira reconciliar com os pensionistas, mas primeiro tem de se reconciliar com a verdade", declarou.

Em causa está a opção inicialmente tomada pelo Governo, depois corrigida, de perante a subida da inflação não aplicar integralmente a fórmula de cálculo legal para os aumentos de pensões em 2023, atribuindo em contrapartida um suplemento extraordinário no último trimestre de 2022.

No fim do debate, Pedro Nuno Santos voltou-se novamente contra o PSD, num apelo ao voto útil, dizendo que nestas eleições "o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está em risco" se vencer a AD e que também o combate à emergência climática ficará em risco "se a direita se unisse" para governar.

A porta-voz do PAN destacou antes a importância de haver "pluralidade na Assembleia".

[Notícia atualizada às 23h41]

Leia Também: Proposta "não é exequível"? Pensões dividiram (e marcaram debate) PCP/AD

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