Rui Tavares falava aos jornalistas na estação de Lisboa-Santa Apolónia à margem de uma iniciativa de campanha para as legislativas, altura em que foi questionado sobre a decisão da Comissão Europeia que pediu um compromisso dos estados-membros para a compra conjunta de pelo menos 40% dos equipamentos militares para a UE até 2030.
"Devemos ter capacidade de cooperação em Defesa dentro da União Europeia com o devido escrutínio pelo Parlamento Europeu, com uma comissão de Defesa neste parlamento - é uma subcomissão apenas agora - e com um comissário que possa ser fiscalizado", defendeu.
O porta-voz do Livre pediu que "os investimentos em Defesa, que no atual cenário europeu se verifiquem absolutamente imprescindíveis, sejam sempre feitos tendo em conta aspetos que também têm vantagem do ponto de vista ambiental e social".
O historiador referiu que se vivem "tempos de guerra na Europa" e alertou para os riscos que a UE pode correr caso o republicano Donald Trump seja eleito Presidente dos Estados Unidos da América e as consequências que tal acontecimento pode ter para a NATO.
"A Europa não deve depender de terceiros, nem ceder a ameaças de terceiros. A única maneira de o fazer é os países médios e pequenos do continente europeu se unirem, e também na cooperação e Defesa, terem políticas conjuntas", sustentou.
Quanto à industria de Defesa na Europa, Tavares afirmou que a UE descobriu na pandemia da covid-19 que, "além de todos os seus aspetos sociais, políticos e ecológicos, a UE é uma boa central de compras, é possível ter mais poder negocial, baixar os preços e cada estado membro poupar".
"E é juridicamente mais vinculativa do que a NATO, além de não sabemos o que vai acontecer à NATO", avisou.
O deputado único recusou "o incentivo à criação de uma indústria de armamento e militar em Portugal", argumentando que existem "indústrias da paz em que Portugal pode marcar a agenda".
No âmbito da Defesa, Rui Tavares falou ainda dos antigos combatentes, para os quais o Livre inclui algumas medidas no seu programa eleitoral, como a criação de um instituto do veterano.
A Comissão Europeia quer um compromisso por parte dos Estados-membros para a compra conjunta de pelo menos 40% dos equipamentos militares para a União Europeia (UE) até 2030, anunciou hoje o executivo comunitário.
De acordo com a proposta apresentada sobre a estratégia para industrial da defesa na UE, o executivo de Ursula von der Leyen quer que os 27 países do bloco comunitário se comprometam com a aquisição conjunta de pelo menos 40% de todos os equipamentos militares para reforçar a defesa europeia nos próximos seis anos.
Em simultâneo, a Comissão Europeia quer que até 2030 o valor do comércio intraeuropeu em defesa seja de pelo menos 35% o mercado da defesa na UE.
Leia Também: Rui Tavares foi à embaixada da Rússia para pedir libertação de Kara-Murza