O Partido Comunista Português (PCP) deu o pontapé de saída para dificultar a vida à Direita, dias depois de as legislativas confirmarem que o país fez essa ‘viragem’.
O ‘travão’ foi colocado pelo líder comunista que, após questionado, na quarta-feira, sobre se pretende apresentar uma moção de rejeição ao programa da Aliança Democrática (AD), foi perentório: “Com toda a clareza digo que sim”.
Raimundo confessou que o PCP não tem “nenhuma ilusão sobre qual é o projeto do PSD e do CDS”, assim como também não há nenhuma ilusão para os comunistas de qual é “o caminho e as consequências” que este terá para as pessoas.
Durante a sua intervenção, Paulo Raimundo garantiu ainda que "não será pelo PCP que o projeto da Direita será implementado no nosso país".
O líder comunista ‘estendeu’ o convite aos restantes partidos de Esquerda, dizendo que esta moção era “um sinal claro que só obriga a quem a apresenta”. "Quem nos quiser acompanhar, acompanhará, quem não quiser acompanhar, não acompanha. Aquilo que fazemos não é para arrastar outros, é para dar um sinal claro de que, connosco, o projeto da Direita não avança", afirmou.
Paulo Raimundo considerou que "houve três milhões de votos na Direita construídos a partir do engano, da mentira, e de uma exigência de mudança".
Márcia Guímaro Rodrigues | 21:51 - 13/03/2024
O que dizem os partidos?
Tanto a Esquerda como a Direita já reagiu, e, após a intervenção do líder comunista, houve críticas... mas também atitudes de ‘prevenção’.
À Direita, o líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Rodrigo Saraiva, reagiu às declarações de Raimundo, considerando que esta se tratava de “uma prova de vida” dos comunistas.
"Considerando que termina hoje esta legislatura, ainda não são conhecidos os resultados eleitorais porque faltam os círculos da Europa e fora da Europa, ainda não há uma Assembleia da República com posse tomada nem data marcada, não há um primeiro-ministro indigitado, não há um governo empossado, não há um programa de governo conhecido, não há muito mais para dizer sobre uma moção de rejeição a algo que não se conhece", explicou o liberal, em declarações na Assembleia da República.
"É algo que, certamente, parece uma tentativa de prova de vida do partido que o anunciou, talvez numa corrida de sobrevivência e de concorrência com outros partidos que estão mais próximos", afirmou, apontando que não tinha “mais nada a acrescentar”.
Também André Ventura, líder do Chega, se distanciou da possibilidade de apoiar uma moção apresentada ao governo da AD. "Não tenho grande apetência para votar a favor de uma coisa que é completamente inconsequente", declarou, dizendo achar graça ao facto de o PCP anunciar a apresentação numa altura em que não se sabe quem é o primeiro-ministro, nem o Governo, nem o programa. "Não vejo qualquer viabilidade nesta moção", reforçou, afirmando que a decisão sobre o voto será tomada nos próximos dias em reunião do Grupo Parlamentar do Chega.
Do outro lado, reagiu o Bloco de Esquerda, dizendo que nesta altura o que se conhece “é o programa eleitoral”, algo a que o partido "se opõe”.
"Sempre dissemos e mantemos: Nunca contarão com o Bloco de Esquerda para viabilizar um governo de Direita, mas os mandatos não estão totalmente contados, o Presidente da República ainda não acabou de ouvir os partidos, não há uma Assembleia da República em plena posse das suas funções e não há um Governo. Portanto, esperaremos para conhecer os textos e definir essas matérias", explicou.
Mortágua agiu de forma mais cautelosa e, enquanto aguardam pelos próximos passos, a bloquista referiu ainda, num outro momento, que os partidos à Esquerda se devem “sentar e entender-se” por forma a mostrar a Portugal que há “uma alternativa credível e possível”.
Questionada sobre se se trataria de uma "alternativa governativa", Mariana Mortágua reiterou que o objetivo é "um entendimento na oposição e um entendimento para uma alternativa para, obviamente, governar Portugal".
Os resultados (até agora)
Os resultados provisórios das eleições legislativas de domingo divulgados pelo Ministério da Administração Interna, quando faltam contar apenas os votos dos círculos da Europa e Fora da Europa (quatro mandatos no total), mostram que a Aliança Democrática conquistou 29,49% dos votos e 79 lugares no Parlamento - três dos quais foram eleitos pela coligação Madeira Primeiro, que não contém o PPM.
Logo a seguir está o PS, que obteve 28,66% dos votos, assegurando 77 mandatos.
Em terceiro lugar ficou o Chega, com 18,06% dos votos e 48 mandatos, quadruplicando o tamanho do grupo parlamentar que tinha formado em 2022. A quarta força política é a Iniciativa Liberal (IL), com 5,08% e oito mandatos, seguida pelo BE, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU viu o seu grupo parlamentar encolher para quatro deputados, com 3,30%, ao passo que o Livre deixou de ser um partido com um só representante, conquistando quatro mandatos com 3,26% dos votos.
O PAN manteve o lugar conquistado em 2022, com 1,93% dos votos.
Leia Também: "Não será pelo PCP que o projeto da Direita será implementado no país"
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com