Albuquerque reeleito no PSD/Madeira com futuro 'nas mãos' de Marcelo

Apesar da vitória interna, Albuquerque reconheceu que "está tudo em aberto", uma vez que, a partir do dia 24 de março, Marcelo Rebelo de Sousa poderá dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira, seis meses após as eleições regionais de 24 de setembro de 2023.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
22/03/2024 08:40 ‧ 22/03/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Madeira

O presidente demissionário do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi reeleito líder do Partido Social Democrata (PSD) na região, na quinta-feira. O social-democrata, que obteve 54,3% dos votos no confronto com Manuel António Correia, numa repetição da disputa que ocorreu em 2014, mostrou-se confiante desde o início, ainda que tenha recordado que o futuro está, agora, ‘nas mãos’ do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que pode, a partir de domingo, dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira e convocar eleições antecipadas.

"Para quem pensava que o partido estava doente ou parado, estas eleições internas dão o exemplo de participação, responsabilidade cívica e política. […] Foi uma eleição bem disputada, que decorreu com civismo, e isso é muito importante para o presente e futuro do partido", considerou, em declarações à imprensa.

Na ótica do líder demissionário da governação madeirense, "a diferença de votos era decisiva para o partido ter uma direção legitimada pelos militantes". Ainda assim, o responsável apelou a que, agora, o partido possa unir-se “nos objetivos a prosseguir”, que passam por “continuar a assegurar ao PSD a governação da Madeira e a confiança dos madeirenses e porto-santenses".

Por seu lado, Manuel António Correia, que foi derrotado no sufrágio, defendeu que as eleições internas foram injustas. A seu ver, não houve igualdade de oportunidades para as duas candidaturas, devido à existência de pressões.

"Jogámos um jogo condicionado, no tempo e com as regras dos outros, em que tivemos um adversário que foi simultaneamente árbitro e ainda assim estamos de parabéns porque obtivemos em muito pouco tempo um extraordinário resultado", afirmou, em declarações na sede de campanha, no Funchal, depois de conhecidos os resultados.

O social-democrata atirou ainda que as eleições "não foram justas porque não houve igualdade de oportunidades para as duas candidaturas", ao mesmo tempo que apelou “todos os militantes a darem o seu testemunho”.

“Penso que quase todos tiveram uma experiência pessoal de pressão, de condicionamento", declarou.

O candidato apontou ainda que houve sinais durante a campanha "de que poderá haver delitos de opinião neste partido e pessoas perseguidas porque votaram em candidatos que não o vencedor".

"E, por isso, tenho de pedir publicamente: não persigam pessoas porque tiveram outra opinião", pediu, reforçando que estará particularmente atento e que não permitirá que "alguém seja punido" por ter apoiado a sua candidatura.

Futuro da governação está, agora, do lado de Marcelo. "Tudo em aberto"

Apesar da vitória interna, Albuquerque reconheceu que "está tudo em aberto", uma vez que, a partir do dia 24 de março, Marcelo Rebelo de Sousa poderá dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira, seis meses após as eleições regionais de 24 de setembro de 2023.

De qualquer modo, o líder mostrou-se confiante, tendo assegurado que, seja qual for a decisão do chefe de Estado, "o PSD vai, como sempre, para todas as eleições para ganhar".

"Depende do entendimento do Presidente da República, depois de auscultar as forças políticas da Madeira. Seja qual for o cenário, nós estamos preparados para encará-lo de forma assertiva, determinada e não há qualquer problema. Nós somos um partido de eleição, não temos medo do sufrágio do povo, nem muito menos do juízo do povo sobre a nossa ação", disse.

É que, recorde-se, Miguel Albuquerque demitiu-se do cargo de presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP) em janeiro, na sequência da crise política decorrente do processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago, no qual foi constituído arguido.

O líder reeleito do PSD/Madeira apontou que o partido também está em condições de completar a legislatura, num quadro de acordos parlamentares, tendo ainda reforçado que a coligação PSD/CDS-PP ficou a um deputado da maioria absoluta nas últimas eleições.

Nessa linha, o responsável lembrou que a sua demissão do cargo de presidente do Governo Regional deveu-se apenas ao facto de o PAN lhe ter retirado o apoio, no âmbito do acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD/CDS-PP, pelo que está, agora, disponível para negociar com outros partidos, sem ter especificado quais.

"Não vou falar de acordos com forças políticas específicas. A minha obrigação, não desvirtuando nunca qualquer compromisso e a base ideológica do PSD, é encontrar, no quadro parlamentar sempre, a estabilidade", afirmou.

O atual líder do PSD/Madeira derrotou o seu adversário por 2.243 votos contra 1.856, num universo de 4.388 votantes inscritos, indicou o secretariado do partido. Destes, 4.132 (94%) exerceram o direito ao voto, havendo registo de 15 votos brancos e 18 nulos.

Leia Também: Eleições antecipadas na Madeira? "PSD vai, como sempre, para ganhar"

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