"Presidente da República teve talvez o dia mais infeliz do seu mandato"

O social-democrata Luís Marques Mendes comentou as polémicas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa no encontro com a imprensa estrangeira, na terça-feira passada.

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Inês Frade Freire
28/04/2024 22:45 ‧ 28/04/2024 por Inês Frade Freire

Política

Marques Mendes

O antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) Luís Marques Mendes comentou, este domingo, a atualidade política, após uma semana marcada pelas declarações polémicas do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no encontro com a imprensa estrangeira, e pela "surpresa" da escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) às eleições Europeias.

Sobre o primeiro ponto, Marques Mendes, no habitual comentário na SIC, afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa "foi longe demais", acrescentando ainda que esse foi um dia "profundamente infeliz" para o chefe de Estado.

"Acho que o Presidente da República teve, no dia 23 deste mês, neste encontro com a imprensa estrangeira, talvez o dia mais infeliz do seu mandato até hoje", referiu.

O comentador enumerou "várias razões", entre elas as "eventuais indemnizações ou reparações financeiras a ex-colónias" sugeridas por Marcelo Rebelo de Sousa. "Foi onde foi mais infeliz e não devia ter feito o que fez. Acho que é um erro tudo o que o Presidente disse e fez", salientou.

"Primeiro de tudo, sejamos diretos, não há nenhum contencioso entre Portugal e as suas antigas colónias, nem nesta matéria, nem em qualquer outra matérias, por isso manda o bom senso que não se esteja a inventar um problema. Segundo porque esta questão, que é tão sensível e melindrosa, não se trata de forma ligeira e simplista, à mesa do café ou do jantar com jornalistas. Exige outro sentido de estar", frisou.

Em terceiro, sugeriu Marques Marques, "porque convém ter em atenção que é uma matéria muito sensível na sociedade portuguesa e que se não for tratada com cautela, evidentemente que é um choque para as pessoas, irrita as pessoas, incomoda as pessoas. Isso não é bom, tem que se evitar".

Montenegro "rural" e Costa "lento"? Marcelo "fez mal"

Além disto, o social-democrata criticou as "declarações bastante deselegantes" do chefe de Estado "quer em relação a Luís Montenegro, atual primeiro-ministro, quer em relação a António Costa, antigo primeiro-ministro. Não lhe fica bem".

Recorde-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou, no mesmo encontro, na terça-feira, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem "comportamentos rurais" e que o antigo chefe do Governo, António Costa, é "lento por ser oriental".

Sobre este assunto, e confrontado com o facto de Marcelo Rebelo de Sousa já ter vindo dar explicações sobre as suas declarações, Marques Mendes foi taxativo. "Quando alguém tem de começar a justificar aquilo que diz é sempre mau sinal. E o Presidente da República fez mal. Não tinha de estar a qualificar daquela forma, ainda por cima deselegante, o atual e anterior primeiro-ministro. Ponto final. Não há, do meu ponto de vista, explicação razoável para isto", sublinhou.

O social-democrata considerou que também "não foi nada feliz" o chefe de Estado ter dado conta que está de costas voltadas para o filho, Nuno Rebelo de Sousa. "Esta matéria das relações entre pai e filho é uma questão que acho que é da intimidade familiar de cada um e de cada família. Não é para se tratar na praça pública. Não lhe fica bem também", acusou.

Bugalho? "Jovem de um talento político invulgar"

Sobre a escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista da AD às eleições Europeias, Marques Mendes considera que "é uma boa escolha". "É uma surpresa por um lado, mas, por outro, uma boa escolha", salientou.

"Já vi muitas críticas e não subscrevo a maior parte das críticas porque normalmente o que é que se pede aos líderes políticos?", questionou, respondendo de seguida: "É que escolham pessoas de qualidade, que façam renovação, que tenham espírito de abertura e não dependência do aparelho e que introduzam sangue novo na vida política".

Na ótica do social-democrata, se há esse pedido aos líderes, "não podemos depois, quando os líderes cumprem estes princípios e objetivos, estar a criticá-los". Para mais "Sebastião Bugalho é um jovem de um talento político invulgar e tem ambições políticas", rematou.

Leia Também: Reparação a ex-colónias? "Não esteve e não está em causa nenhum processo"

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