PSD acusa Chega de querer governar com o PS através do parlamento

O PSD acusou hoje o Chega de querer governar com o PS através do parlamento, falando num "conluio" entre os dois partidos, e defendeu que o país não tem condições para abolir as portagens nas ex-SCUT, propondo antes reduzi-las.

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Lusa
02/05/2024 14:55 ‧ 02/05/2024 por Lusa

Política

Hugo Soares

Em declarações aos jornalistas no parlamento, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, reagiu ao anúncio de que o Chega irá votar a favor da proposta do PS para a eliminação imediata das portagens nas ex-SCUT.

"Começa a ficar demasiado evidente que o Chega quer começar a governar com o PS a partir do parlamento. Há um conluio entre o PS e o Chega", defendeu, considerando que o Chega diz ser o "partido que nasceu para combater o socialismo", mas "está-se a unir constantemente" no parlamento para aprovar medidas do PS.

Hugo Soares considerou que "o Chega precisa de ser claro com os portugueses".

"Há dois ou três dias, o Chega apresentou um projeto de resolução muito próximo, aliás, do projeto de resolução do PSD. Tentou emendar a mão nestes dias, voltando atrás àquilo que tinha proposto e agora vem anunciar que vota ao lado do PS", criticou.

Para o líder parlamentar do PSD, o Chega "não é só um partido cata-vento que está a mudar de posição todos os dias, é um partido que não traz estabilidade, que não consegue defender a mesma ideia, a mesma política durante dois dias seguidos".

"Agora, parece ser coerente numa coisa: parece evidente que querem governar a partir do parlamento com o PS", reiterou.

Hugo Soares acusou também o PS de irresponsabilidade por fazer esta proposta, salientando que não a implementou, apesar de ter governado em 22 dos últimos 28 anos, e agora, "um mês depois de esta na oposição", a vem propor, apesar de representar "uma despesa de cerca de 200 milhões de euros".

"Isto não é só um sinal de imaturidade e de irresponsabilidade política, isto é um sinal de total descontrolo do PS, que eu não queria aqui deixar de denunciar, e creio que os portugueses percebem bem", acusou, recordando que o atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, foi ministro das Infraestruturas e da Habitação entre 2019 e 2022, tutelando precisamente as autoestradas.

Hugo Soares defendeu que o país "não tem condições" para a implementar e recordou ainda que a União Europeia "tem vindo a pugnar para que haja sempre um princípio do utilizador/pagador".

"Sabemos que as infraestruturas que nós utilizamos na circulação viária, designadamente nas autoestradas, carecem de manutenção e de que essa manutenção ou é feita através do princípio utilizador/pagador ou deve ser feita através do Orçamento do Estado, e isso inibe o Governo de poder tomar outras opções de política social", salientou.

O líder parlamentar do PSD salientou que o partido nunca defendeu a abolição das portagens, propondo antes a sua redução, conforma consta no projeto de resolução apresentado pelos sociais-democratas, que também vai hoje ser debatido e votado.

"Nós na campanha eleitoral anunciámos que deveria haver uma redução significativa e gradual do preço das portagens, designadamente nas ex-SCUT, no que diz respeito sobretudo ao anterior do país e à região do Algarve, mas entendemos que devemos ir mais além, e é isso que o nosso projeto de resolução diz: também nas cinturas das grandes áreas metropolitanas, a do Porto vai até Aveiro", salientou.

Questionado se os deputados do PSD vão ter liberdade de voto, Hugo Soares respondeu: "Não, obviamente que não".

"A direção da bancada tem um projeto de resolução em linha com aquilo que sempre defendemos em campanha eleitoral", disse, afirmando estar ciente de que os portugueses querem o fim das portagens, mas também reconhecem a responsabilidade de quem quer reduzir o preço das portagens e apoiar outras áreas sociais.

Leia Também: Santa Casa. PSD pede que PS meta "pés na terra" e assuma responsabilidade

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