Montenegro acusa Chega de birra e de "querer tachos". Partido contesta
O primeiro-ministro acusou hoje o Chega de estar a fazer "uma birra" no parlamento em relação às propostas do Governo e questionou se este partido apenas pretendia "cadeiras, tachos" quando defendia uma aliança com o PSD.
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
Política Debate
As críticas foram feitas por Luís Montenegro no final do primeiro debate quinzenal e geraram protestos veementes na bancada do Chega, que pediu a defesa da honra para contestar a acusação.
"Compromisso assumido é para ser cumprido. Eu disse aos eleitores portugueses qual era a política de alianças que o meu partido faria antes e depois das eleições e eu disse que não iria assumir alianças com o partido Chega, assumi isso frontalmente com o presidente do Chega", afirmou Montenegro, numa fase do debate em que André Ventura não estava no hemiciclo.
O primeiro-ministro acusou depois o Chega de fazer "uma birra que corresponde à expressão da imaturidade política" que atribuiu a este partido.
"Uma coisa é não termos uma aliança de Governo, outra coisa é dizer sim à representação dos eleitores. À boleia da vossa birra do 'não é não', os senhores deputados não conseguem dizer sim ao interesse nacional, ao interesse das pessoas e isso transportou-vos para um reduto absurdo do ponto de vista político. Os senhores deputados só estavam mesmo preocupados com as cadeiras, com os tachos deste lado?", questionou, recebendo um aplauso de pé dos deputados do PSD e do CDS-PP.
O primeiro-ministro deixou, depois, uma proposta de "trabalho de casa para os próximos meses" à bancada do Chega.
"Tenham ocasião de refletir sobre a necessidade de conformarem a representação que vos foi confiada com as vossas atitudes políticas. Das duas uma: ou os senhores, apesar de não gostarem do meu compromisso do 'não é não', conseguem dizer sim ao país, ou então estão hoje objetivamente mais próximos do pensamento e das propostas do PS do que das propostas deste Governo", disse.
Montenegro considerou que a discussão na especialidade das propostas do IRS será uma ocasião para fazer este teste.
O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, pediu então a defesa da honra da bancada e, quando questionado pelo presidente da Assembleia da República sobre o motivo, respondeu que seria "em relação à birra", provocando risos nas bancadas do PSD, IL e CDS-PP.
"O Chega não está cá por tachos, se há coisa que combatemos são precisamente os tachos. Sabe bem que admitimos fazer negociações de Governo sem lugares do partido Chega. Não é o Chega que faz birras, tem sido o senhor que diz 'não é não' desde o princípio", criticou.
Pedro Pinto acusou ainda o Governo de não estar a cumprir o que prometeu aos polícias e professores e, em resposta a apartes do CDS-PP, disse: "Não falo com apêndices, não falo com muletas".
"Não lhe fica bem acusar o Chega do que acusou", lamentou o deputado do Chega.
Antes, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, tinha acusado PS e Chega de "esquizofrenia política" e deixou fortes críticas ao líder socialista, Pedro Nuno Santos, a propósito do futuro aeroporto.
"Fiquei estupefacto, veio aqui o anterior ministro das Infraestruturas dizer que esta é a terceira decisão sobre o aeroporto... Recordo-me de uma do engenheiro Sócrates, a segunda é uma decisão à pressinha do senhor deputado e anterior ministro", ironizou.
Referindo-se ao despacho de Pedro Nuno Santos quando era ministro, o líder parlamentar do PSD disse que este previa "obras no aeroporto Humberto Delgado, um aeroporto de transição no Montijo e outro em Alcochete".
"É uma espécie de totoloto mas em que pode pôr a cruzinha nos números todos", disse, acrescentando que não houve uma decisão, mas "uma humilhação", porque o despacho foi revogado no dia seguinte por decisão do então primeiro-ministro António Costa.
Hugo Soares acusou ainda o PS de se contradizer sobre se concorda ou não com o aumento do número de voos no aeroporto Humberto Delgado, citando posições do ex-ministros Pedro Marques e João Galamba -- lendo até um tweet de hoje do ex-deputado - e até o despacho de Pedro Nuno Santos, sendo desmentido neste último ponto pelo secretário-geral do PS.
Numa fase anterior do debate, Pedro Nuno Santos tinha acusado o Governo de ter anunciado o reforço da capacidade de voos do aeroporto Humberto Delgado sem qualquer estudo ou parecer, com o primeiro-ministro a assegurar que todas as decisões foram ponderadas e estudadas.
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