Depois do tema das migrações e da baixa do IRS, hoje foi a vez de o "caso das gémeas" ocupar o centro do discurso partidário, na sequência de buscas no Ministério da Saúde e no hospital de Santa Maria no âmbito desta investigação.
O cabeça de lista da CDU, João Oliveira, que falou antes de uma sessão de campanha na Maia, distrito do Porto, escusou-se a fazer um "aproveitamento político" do caso das gémeas, mas pediu um rápida apuramento dos factos.
A "número um" da lista do PS, Marta Temido, que era ministra da Saúde aquando dos acontecimentos em causa, reiterou que não teve "nada a ver" com o caso das gémeas, assegurando que confia na justiça e escusando-se a comentar os 'timings' das buscas.
Sobre o facto de o seu antigo secretário de Estado António Lacerda Sales ter sido constituído arguido, Marta Temido sublinhou que a "constituição de arguido visa ouvir alguém em processo e de alguma forma assegurar-lhe um conjunto de direitos processuais".
"Isso não é diferente neste caso daquilo que são os outros casos e portanto, certamente, agora, a investigação que nós já sabíamos que estava a correr, não há nenhuma novidade, vai prosseguir e vai esclarecer o que houver a esclarecer", defendeu.
A candidata socialista disse não temer que este caso afete a campanha por estar convicta de que as "pessoas sabem que a intervenção do ministro da Saúde -- no caso era uma ministra -- relativamente à autorização de medicamentos não existe".
Também o cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho se escusou a comentar o caso.
No final de uma visita a uma empresa de dispositivos médicos em Penafiel, distrito do Porto, Sebastião Bugalho disse que seria "uma irresponsabilidade cívica e democrática" comentar uma investigação em curso e que envolve outra candidatura.
"Eu estou aqui por razões que me enchem o coração enquanto português e europeu, não vou contaminar a visita com controvérsias e comentários sobre uma investigação que está em curso, que está em segredo de justiça e que ainda por cima envolve uma pessoa que está a disputar esta eleição. Seria uma descortesia democrática e nós não vamos contribuir para isso", afirmou.
Em Gondomar, João Cotrim Figueiredo, que lidera a lista da IL, rejeitou comentar o caso das gémeas "para não poluir a campanha eleitoral" e remeteu para o líder do partido, Rui Rocha, todas as declarações.
No Parlamento, em Lisboa, Rui Rocha considerou que Marta Temido, por ter sido ministra da Saúde, não pode alhear-se do caso das gémeas e afirmou que era um "dia complicado" para o PS.
Numa visita à feira de Barcelos, distrito de Braga, a cabeça de lista do BE, Catarina Martins, defendeu que a Justiça deve ter garantias de independência face ao poder político mas também provar que a tem na forma como atua.
"As campanhas eleitorais não devem ser um bate-boca entre partidos e a Justiça e o Ministério Público, pela nossa parte nós não o faremos", assegurou.
Também em Lisboa, no Parlamento, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, acusou o Ministério Público de tentar mediatizar os casos judiciais e "contaminar atos eleitorais sucessivamente", criticando a proximidade entre as diligências contra António Lacerda Sales e as eleições de domingo.
Quanto a temas europeus, o "número um" do Livre, Francisco Paupério, defendeu que a União Europeia pode assumir um papel nas políticas de saúde, como teve durante a pandemia, e pediu mais investimento para investigação científica.
Paupério falava durante uma visita à Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP).
Em dia de anúncio pelo Banco Central Europeu (BCE) da descida das taxas de juro, Marta Temido congratulou-se com a medida, que classificou como "boa notícia", e defendeu a importância de discutir política monetária e as causas desta crise inflacionista.
Cotrim de Figueiredo comentou igualmente a medida e salientou a importância da independência política do BCE alegando que, se não a tiver, é utilizado por políticos para benefício próprio.
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