Reconhecimento da Palestina? Ministro acusa PS de "flic flac"

O PS criticou hoje o Governo por esperar uma unanimidade para o reconhecimento do estado da Palestina, com o ministro dos Assuntos Parlamentares a acusar os socialistas de um "flic flac", de não terem convicções, apenas conveniências.

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© Reinaldo Rodrigues

Lusa
21/06/2024 13:41 ‧ 21/06/2024 por Lusa

Política

Médio Oriente

No debate de atualidade na Assembleia da República agendado pelo Livre sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, afirmou que o Governo deve "atuar decididamente", argumentando que se está a construir um consenso internacional em torno da independência da Palestina", que altera as circunstâncias e "impõe que Portugal reconheça já o Estado da Palestina".

Para Alexandra Leitão, "esperar pela unanimidade não é mais do que adiar para sempre uma solução para o conflito" e o reconhecimento deve ser feito de imediato, sem prejuízo de se continuarem "esforços para que todos os Estados-membros reconheçam em conjunto".

À intervenção socialista, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, respondeu acusando o maior partido da oposição de, em dois meses, ter feito um "flic flac à retaguarda", ironizando que desde que o PS passou do Governo para a oposição "o mundo mudou de um momento para o outro".

"Já vimos isso nas finanças, na educação, na saúde, nas portagens, um pouco por todo o lado. Eu esperava que não acontecesse na política externa, porque na política externa exige-se que os países gerem credibilidade e confiança em termos internacionais", afirmou.

O ministro diz que a mudança de posição dos socialistas relativamente ao reconhecimento do Estado da Palestina é uma "ferida na credibilidade do PS" e "não gera confiança junto dos portugueses".

"O PS tem de facto este padrão, que é quase vício, e está a mostrar-nos hoje em dia. O PS não tem convicções, para o PS só existem conveniências, e isso é grave para o nosso sistema político", atirou Pedro Duarte.

Ao longo do debate, as posições à direita foram todas de acordo com a posição do Governo, com o líder parlamentar do Chega a defender as palavras do executivo sobre a importância de um cessar-fogo em vez de "tentar reconhecer estados e mais estados".

Pela IL, Rodrigo Saraiva afirmou que o reconhecimento do Estado palestiniano "não pode ser completamente alheio à dimensão material" e, por isso, os liberais não acreditam "que o reconhecimento individual do Estado da Palestina por parte de Portugal, neste momento, contribua para terminar com o conflito nem levar a uma paz duradoura".

O CDS, por Paulo Núncio, criticou as posições assumidas pelos anteriores governos nesta matéria e sublinhou a necessidade de encontrar "soluções pacíficas e no respeito dos direitos humanos de todos".

À esquerda, Marisa Matias, do BE defendeu que "ainda que de forma totalmente indireta", não reconhecer já o Estado da Palestina é "alimentar aquela que tem sido a ofensiva israelita".

Paula Santos, do PCP, acusou o Governo de revelar "cumplicidade com tudo aquilo que Israel está a fazer contra o povo palestiniano".

O ministro Pedro Duarte acusou os comunistas de não terem "reconhecido o erro histórico" de "suportar regimes sanguinários e autoritários um pouco por todo o globo".

O PAN insistiu no reconhecimento da Palestina e sublinhou que "por mais complexa que a situação seja (...) estamos a falar do genocídio de um povo".

No encerramento do debate, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, emocionou-se e teve que interromper por momentos a sua intervenção quando falava das vítimas do conflito. 

"De uma prisão a céu aberto, Gaza passou a ser um inferno a céu aberto. Eu não sei como se reconstrói um país depois dessa destruição. Este trauma demorará gerações a ser ultrapassado, mas sei que é nossa obrigação garantir que há condições para esta reconstrução", na qual Israel deve participar financeiramente, defendeu.

A deputada foi aplaudida por alguns deputados à esquerda do hemiciclo, e saudada de pé pelos três restantes deputados do Livre, entre os quais Jorge Pinto, que utilizava um 'keffiyeh', lenço preto e branco, símbolo da causa palestiniana.

Leia Também: Reconhecimento imediato da Palestina "seria relativamente inconsequente"

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