"A única boa notícia disso, estranhando naturalmente que o presidente do Governo não conheça aquilo que se passa no seu próprio governo, é que vai voltar atrás. Já ficamos satisfeitos porque voltou atrás na matéria das creches, ficamos satisfeitos também que tenha voltado atras na RIAC [Rede Integrada de Apoio ao Cidadão]. Só é tarde aquilo que nunca chega", afirmou Francisco César aos jornalistas, à margem de uma reunião com o sindicato dos transportes, em Ponta Delgada.
O presidente dos socialistas açorianos referia-se à medida da SATA de passar a venda de bilhetes para as lojas da RIAC, na sequência do encerramento das lojas da companhia aérea nas zonas urbanas e à proposta que pretende dar prioridade às crianças com pais trabalhadores no acesso à creche.
Francisco César considerou que "foi pior a emenda de o que soneto" relativamente à intenção de transferir a venda dos bilhetes da SATA para a RIAC (que motivou críticas de sindicatos e da associação de agência viagens), porque passaria a existir uma "entidade pública a fazer concorrência a um serviço do privado".
O também deputado na Assembleia da República disse não acreditar na justificação da administração da SATA para encerrar as lojas em áreas urbanas (mantendo abertas as lojas nos aeroportos), que argumentou com uma poupança de 1,5 milhões de euros.
"O valor de um milhão e meio para o fecho de oito lojas não é real. Isso significava que as rendas de cada loja anualmente custassem na ordem dos 150 a 180 mil euros. Ninguém acredita nisso", disse.
Na segunda-feira, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, admitiu que a venda de bilhetes da SATA por parte da RIAC poderá não vir a concretizar-se, pelo menos em todas as ilhas, prometendo que o executivo não vai atuar "contra a iniciativa privada".
Francisco César também criticou a postura da coligação que integra o Governo Regional face aos números do abandono escolar, alertando que os Açores são "os piores do país e os piores da Europa".
"Isto não é matéria para conferência de imprensa e para política no sentido de satisfação, devíamos estar em modo de emergência nesta matéria porque somos os piores da Europa e os resultados demonstram que estamos a piorar", salientou.
Por outro lado, continuou, no pré-escolar agora "a grande solução da direita era retirar algumas crianças das creches".
"Garanto-vos uma coisa: ter menos crianças no sistema de ensino não ajuda a melhorar os resultados escolares", afirmou.
Os partidos da coligação que suporta o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) consideraram na quinta-feira que, apesar de a taxa de abandono escolar ter diminuído na região, ainda "há muito a fazer" para que se aproxime da meta nacional.
Em 12 de julho, o parlamento açoriano aprovou uma resolução do Chega (sem força de lei) que recomenda ao Governo Regional que altere as regras no acesso às creches gratuitas nos Açores, para dar prioridades às crianças com pais trabalhadores, justificando a mudança com a falta de vagas para a crescente procura no arquipélago.
Leia Também: Sem prioridade às creches, Chega/Açores admite chumbar orçamento de 2025