"O BE entende que a culpa não pode continuar a morrer solteira e que há responsabilidades também políticas a vários níveis que têm de ser apuradas", disse a porta-voz do partido naquela região autónoma, Dina Letra.
A dirigente do BE, que falava aos jornalistas em Encumeada, no concelho de São Vicente, considera que este incêndio demonstrou "a negligência e a inércia" do Governo Regional na prevenção ao logo dos anos, recordando que na "história recente" da Madeira ficaram registados "inúmeros fenómenos" que "aconselhavam" a uma mudança de estratégia e à aplicação no terreno de outras medidas no combate às chamas.
"Não há qualquer planeamento florestal, nem há um ordenamento do território sério que o proteja, o interesse público, que proteja as pessoas, o património natural", lamentou.
Para o BE, que não tem atualmente representação parlamentar na Madeira, este incêndio "colocou a nú e à vista de toda a gente a irresponsabilidade" do governo regional" na gestão do combate às chamas.
A Porta-voz do BE na Madeira criticou ainda o Governo Regional por ter recusado integrar o Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais 2020-2030.
"O que nós vimos é que Miguel Albuquerque e os senhores do PSD, que se julgam donos e senhores da Madeira recusaram participar na construção deste plano porque acham que colocaria em causa a nossa autonomia, é exatamente o contrário", defendeu.
Para o BE esta posição do Governo Regional da Madeira traduz-se num "atentado" à economia e à especificidades do território, "colocando em causa" a vida de quem vive naquela ilha, o património natural da Madeira que "não pode ficar refém nem de humores nem da arrogância de políticos que mostram "não ter qualquer respeito" pela Madeira.
O parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou a 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Hoje de manhã, ao 11.º dia, a Proteção Civil regional indicou que o fogo está controlado e que os operacionais se mantêm no terreno em operações de rescaldo, controlando alguns pontos quentes.
Nestes dias as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.
O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.
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