O partido questionou na quarta-feira o Governo sobre a suspeita de que um navio com bandeira portuguesa estaria a transportar armas para Israel e, depois desta denúncia, o ministro dos Negócios Estrangeiros esclareceu no dia seguinte que o navio, que transporta explosivos, tem pavilhão português mas é alemão e "não vai para Israel".
Na sequência desta resposta, o BE lançou uma petição para que o Governo português "retire a bandeira portuguesa deste navio, anulando a sua inscrição no registo internacional da Madeira" e "exija a devolução à procedência [Vietnam] da carga criminosa contida no navio Kathrin", alegando que este "transporte é ilegal à luz da lei portuguesa".
"O cargueiro Kathrin está inscrito no Registo Internacional de navios da Madeira, o que faz de Portugal cúmplice das atrocidades e crimes da ocupação israelita", considera o partido, que diz existir a suspeita de que a carga será descarregada na Eslovénia mas tem como destino Israel.
O BE refere que o Governo da Namíbia impediu que aquele cargueiro atracasse nos portos do país e que "as autoridades namibianas informaram que este navio transporta oito contentores de explosivos Hexogen/RDX e 60 contentores de TNT, que deverão ser descarregados em Koper, na Eslovénia, com destino a Israel".
"O RDX é um componente chave nas bombas e mísseis de Israel que massacram e mutilam dezenas de milhares de palestinianos em Gaza. Cerca de metade destas vítimas, até hoje, são crianças", lê-se no texto da petição.
Com esta petição, que dizem já ter recolhido "mais de mil assinaturas nas primeiras horas", os bloquistas pedem também ao executivo que "impeça e previna formas de cumplicidade ativa ou negligente com crimes de guerra e genocídio por navios com pavilhão português, tomando medidas imediatas nesse sentido".
Esta semana, o Bloco de Esquerda e o PCP questionaram, por via da Assembleia da República, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros a propósito da suspeita de que um navio com bandeira portuguesa estaria a transportar armas para Israel.
Ambos os partidos pretendem que o Governo assegure que nenhum navio com pavilhão português possa estar envolvido no transporte de qualquer material militar para Israel, questionando o executivo sobre que medidas serão tomadas para fiscalizar o navio suspeito.
Falando aos jornalistas em Bruxelas, no âmbito de uma reunião ministerial, o ministro dos Negócios Estrangeiros indicou que o Governo contactou o navio para pedir esclarecimentos e disse que podia assegurar que a embarcação "não vai para Israel" e tinha como destino dois portos, na Eslovénia e no Montenegro.
"Transporta explosivos, não armas", revelou o governante, acrescentando que "estava tudo devidamente relatado, o conteúdo e o destino" e todas as informações fornecidas estavam "acompanhadas de documentação".