"Será melhor silenciar e deixar escolher por proximidade partidária?"
A socialista Maria João Rodrigues retoma, esta quinta, no jornal Público, o tema comissário europeu, esclarecendo que o que critica ?não é não ter sido selecionada? mas sim ?não ter sido submetida à seleção do presidente Juncker?. Sobre esta matéria considera que ?faltou debate? em Portugal e lança a questão: ?Será melhor silenciar e deixar escolher por proximidade partidária e pessoal?, ignorando ?as prioridades de Juncker??.
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Política Maria João Rodrigues
“Apesar de conflitos atrozes no mundo, e da hecatombe controlada no caso BES, o assunto comissário europeu continua a suscitar interesse, permitindo aprofundar o debate europeu entre nós”, escreve hoje no jornal Público a socialista Maria João Rodrigues, vice-presidente do grupo S&D no Parlamento Europeu, referindo-se aos que fazem “um paralelo entre um comissário europeu e um ministro nacional para alegar que a sua seleção deveria pautar-se pelo mesmo prinícipio de escolha exclusiva pelo primeiro-ministro e rodeada da reserva que lhe é própria”.
Mas, esclarece, um “bom comissário é aquele que consegue fazer uma avaliação dos desafios europeus e desenvolver um plano para lhes responder, concertando os atores relevantes, governos, Conselho, Parlamentos nacionais e europeu, sociedade civil organizada e peritos, à escala europeia”.
É, aliás, isso que, escreve, “está fundamentalmente em causa”. Ou seja, “a construção de uma Comissão Europeia, enquanto entidade supranacional, capaz de defender o interesse europeu e não apenas a soma dos interesses nacionais ou transmissão de interesses particulares”. Neste sentido, insiste Maria João Rodrigues, é preciso “dar ao presidente da Comissão Europeia a latitude de escolha suficiente para que ele possa construir uma equipa que tenha um número suficiente de bons comissários e de base política”.
A socialista, apelidada esta semana de “’Ronalda da política” pelo social-democrata Duarte Marques, afirma que “um comissário europeu é um ator europeu” e não “um alto quadro de uma organização internacional selecionado com o apoio do Governo nacional, nem um delegado nacional numa organização internacional, nomeado pelo Governo sem auscultação prévia do país”.
Mas este debate “faltou” em Portugal e “não se deveria ter receio de apreciar personalidades possíveis, homens e mulheres com sensibilidades políticas diferentes, como Juncker pediu expressamente. Ou”, lança a questão, “será melhor silenciar tudo isso e deixar escolher fundamentalmente por critério de proximidade não só partidária, mas pessoal?”.
“É compreensível que o critério de confiança política e pessoa seja ponderado, mas não ao ponto de sacrificar completamente o critério de mérito europeu. Acresce ainda que a consonância com as novas prioridades de Juncker – crescimento, investimento e emprego – e a necessidade de reforçar o peso das mulheres, foram também ignoradas”, contesta Maria João Rodrigues no artigo que hoje assina no jornal Público.
No final do texto, um esclarecimento: “O que crítico não é não ter sido selecionada, é não ter sido submetida à seleção pelo presidente da Comissão” que, adianta hoje o semanário Sol, deverá apresentar a atribuição de pastas após o Conselho Europeu de dia 30 de setembro.
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