"Depois de quase uma década de hegemonia socialista, foi prometida aos portugueses mudança pelos vencedores das últimas eleições. Seis meses depois, percebemos que as mudanças se limitam a anúncios de medidas que, ou vão no mesmo sentido das anteriores, ou representam ténues alterações", acusou Mariana Leitão no discurso de abertura das jornadas parlamentares da Iniciativa Liberal (IL), que decorrem até terça-feira na Assembleia da República.
Para a líder parlamentar da IL, os resultados dessas "ténues alterações" que têm vindo a ser implementadas pelo Governo ficam "muito aquém do que é necessário para garantir o desenvolvimento do país e a prosperidade de quem aqui vive".
Abordando três eixos nos quais tem considerado que o Estado tem falhado aos portugueses, Mariana Leitão começou por destacar a área da saúde, salientando que os "problemas amontoam-se, as dificuldades de acesso persistem, as urgências encerram, os profissionais de saúde continuam desmotivados e a sentirem-se desvalorizados".
"Por mais dinheiro que se invista no Serviço Nacional de Saúde (SNS), não há solução à vista porque os governos ignoram o problema base: a má gestão do SNS e a incapacidade de colocar o foco no utente", afirmou, sustentando que a IL é o "único partido da esquerda à direita com uma proposta concreta para a saúde".
"Uma proposta que pretende que se abandonem os preconceitos ideológicos para que se utilizem todos os setores, permitindo que os utentes tenham cuidados de saúde em tempo útil", frisou.
Depois, a líder parlamentar da IL abordou o setor da educação, referindo que continua a haver "alunos sem professores, sem que haja no horizonte uma solução efetiva para o problema" e considerando que os anúncios de "creches gratuitas para todos" são "anúncios propagandísticos, porque há muitas crianças que não conseguem ter acesso por falta de vagas".
Mariana Leitão frisou, contudo, que também na questão da segurança o Estado, "particularmente ao nível das instituições", tem falhado, elencando casos como o dos paióis de Tancos ou, mais recentemente, o assalto à secretaria-geral do Ministério da Administração Interna ou a fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.
A líder parlamentar da IL considerou ainda que a Justiça também tem ficado aquém do necessário, considerando que "falha pela sua lentidão, pelos abusos que comete ao escutar indivíduos anos a fio", "ao prender preventivamente, por quase um mês, indivíduos que depois nem são acusados de nada" ou por "não assumir as suas falhas, permitindo que se repitam".
"O nosso Estado é grande, pesado e burocrático e mesmo assim falha sistematicamente às pessoas, pessoas essas que o alimentam, mas que, quando dele precisam, não têm onde recorrer", frisou, acrescentando que o setor empresarial do Estado "representa bem o quão ineficiente consegue ser o Estado".
"Que sentido faz ter o Estado a gerir e a alimentar empresas de inúmeros setores que podiam e deviam ser deixadas ao setor privado, que não só gere muito melhor, como assumiria o privado o risco e os eventuais prejuízos?", questionou.
Perante este diagnóstico, Mariana Leitão afirmou que a IL é "coerente e tem uma visão para o país: menos Estado, mais liberdade".
A líder parlamentar da IL salientou que, "numa altura em que reinam as incongruências à volta da discussão do Orçamento do Estado", a IL quer aproveitar as jornadas parlamentares para reforçar a sua visão e "voltar a mostrar que as mesmas políticas de sempre não vão trazer resultados diferentes".
"É a altura de adotar políticas diferentes, é a altura de adotar políticas liberais", concluiu.
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