O presidente do Chega, André Ventura, falou, esta sexta-feira, sobre o acordo que diz ter-lhe sido apresentado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro - e que consistia em que o partido liderado por Ventura integrasse o Executivo, através de um acordo de governação, em troca da viabilização do Orçamento do Estado.
Em relação às declarações do chefe de Governo, Ventura disse que "hoje ficou bem claro que o primeiro-ministro não quis desmentir que esta reunião tivesse existido", referindo-se a um encontro que diz ter ocorrido a 15 de julho.
"Esta reunião aconteceu na casa do primeiro-ministro, por causa do Orçamento do Estado, aconteceu para um acordo do Orçamento do Estado", reforçou em entrevista ao canal News Now.
O primeiro-ministro recusou-se hoje a comentar as declarações do líder do Chega, André Ventura, que o acusou de mentir e de lhe ter proposto em privado um acordo com vista à aprovação do Orçamento do Estado.
Lusa | 19:09 - 11/10/2024
Questionado sobre se tinha forma de provar que a reunião aconteceu, Ventura disse: "Tenho forma de provar. Depois de ter sido ele a começar esta novela de desconsideração, estou a dar ao primeiro-ministro a hipótese de confirmar isto. Tenho forma de demonstrar que houve uma reunião nesse dia. E tenho forma de demonstrar quem é que me convocou para ela e quem é que me pediu para lá ir".
"Do chefe de gabinete a todas as forças de segurança que estão na residência de São Bento e aos funcionários, é de uma imprudência estar a negar esta reunião. Só mostra o amadorismo que Luís Montenegro tem nesta matéria", considerou, sublinhando que no encontro apenas esteve ele próprio e Montenegro.
"Na sexta-feira anterior, o chefe de gabinete do primeiro-ministro, contactou-me para falar precisamente com o primeiro-ministro", atirou, datando a marcação do encontro que diz ter acontecido.
Eu não sonho com acordos de Orçamento do EstadoDo PS "infantil" e em quem Montenegro "não confia" ao acordo à Direita
Referindo-se à "novela", como lhe chamou, Ventura questionou: "Porque é que o primeiro-ministro não diz só isto: 'Eu encontrei-me com o Chega, entendi que devia fazer um acordo com o Chega", acrescentando: "Enquanto andava a dizer que o PS não era de confiança, que com o PS não queríamos nada, que Pedro Nuno Santos é infantil e que não serve. Mas, ao mesmo tempo, tentei que o Chega me viabilizasse o Orçamento com um acordo pontual".
Sublinhando que as declarações desta sexta-feira não são um desmentido, Ventura atirou: "Se o primeiro-ministro me vier desmentir, que me venha desmentir. Que diga que é tudo falso. Eu não sonho com acordos de Orçamento do Estado".
Entendi que, a pedido do Governo, ela [a reunião] se devia manter secreta. Eu alinhei nesse argumento
Questionado sobre qual a data em que divulgará as provas de que a reunião aconteceu, Ventura foi vago: "É o bom senso do primeiro-ministro".
Ventura disse ainda que o Executivo deveria ter divulgado em prol da "transparência" que esta reunião aconteceu, já na altura, mas referiu que lhe foi pedido segredo. "Entendi que, a pedido do Governo, ela se devia manter secreta. Eu alinhei nesse argumento", atirou.
Durante a entrevista, Ventura voltou a reforçar que ouviu o primeiro-ministro tecer estes comentários sobre o Partido Socialista e o seu secretário-geral: "Que no PS não se pode confiar, que Pedro Nuno Santos não é de confiança e que é à Direita que tem de se construir este acordo. Eu acreditei nisto. Segui a lógica de que estávamos a construir".
O que foi discutido nas reuniões?
Durante a entrevista, Ventura contou que Montenegro "partiu do pressuposto que era à Direita que o Orçamento deveria ser aprovado", e insistiu que, nas palavras de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos é "amuado" e "não serve".
"Luís Montenegro disse-me que queria um acordo para este ano, um acordo que englobasse uma aprovação do Orçamento e que, pouco a pouco, se fosse tornando num acordo do governação. Sem data, sem ponto, sem clareza. A ideia era que o Chega integrasse o Governo no início ou durante o próximo ano. Com uma reestruturação do Governo", ou seja, cargos ministeriais.
O líder do Chega afirmou, no entanto, que houve duas razões que fizeram com que este acordo não fosse fechado. "Primeiro, sempre defendemos um acordo para quatro anos de legislatura e não de remendo, de um ano. Segundo, porque nunca aceitaríamos um acordo que ficasse escondido dos portugueses até janeiro, fevereiro ou março e o eleitorado se questionasse por que razão estava o Chega a viabilizar o OE com um voto a favor", disse.
O que é eu estaria lá [em São Bento] a fazer às 10h da manhã? Estaríamos a ver futebol? A ver o tempo?
Acusando Montenegro de gostar de "jogos às escondidas", Ventura falou sobre os 'ajustes' em relação ao Orçamento. Em relação à imigração e ao referendo que o Chega queria fazer, Ventura disse que o primeiro-ministro "não ia aceitar" qualquer cedência. Quanto aos incêndios, por exemplo, o chefe de Governo e Chega também discordariam.
"Eu vou dizê-lo com todas as palavras. A proposta do primeiro-ministro era um acordo para este ano do Orçamento e um acordo de Governo que viesse a ser feito em janeiro ou fevereiro", atirou.
Ventura garantiu ainda que foi "a casa do primeiro-ministro", São Bento, cinco vezes: "O que é eu estaria lá a fazer às 10h da manhã? Estaríamos a ver futebol? A ver o tempo?"
André Ventura deu novos detalhes sobre os encontros que terá tido com Luís Montenegro.
Notícias ao Minuto | 14:05 - 11/10/2024
Segundo Ventura, na primeira reunião ficou "claro" que o Chega só aceitaria um acordo a quatro anos. A alegada negociação terá começado entre maio e setembro, com a última reunião a ser a 23 de setembro.
Segundo adiantou na entrevista, "o primeiro contacto foi do primeiro-ministro". "Entre maio e setembro houve diversas reuniões e contactos entre mim e o primeiro-ministro", afirmou.
Aceitou que o Chega fosse para o Governo. Nós não aceitamos porque só aceitávamos uma coisa de legislatura, não de remendos
E o Governo? E Marcelo?
"Não sei se Montenegro disse aos seus ministros o que se estava a passar ou que negociações estava a fazer", afirmou, acrescentando: "O primeiro-ministro de Portugal propôs-me um acordo para este ano, o primeiro-ministro de Portugal encontrou-se cinco vezes comigo. Aceitou que o Chega fosse para o Governo. Nós não aceitamos porque só aceitávamos uma coisa de legislatura, não de remendos".
Questionado sobre se o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sabia destas reuniões, André Ventura referiu que - contrariamente ao Governo -, o Presidente "não veio a público ofender, desprezar e humilhar o Chega".
"As conversas que tenho com ou sobre o Presidente da República ficam na minha perspetiva. Não vou envolver o Presidente da República. Não vou metê-lo na discussão quando ele não veio falar sobre isto", apontou.
Ventura afirmou ainda que não se deixa "condicionar" pelos "poderes do Estado" e, sem dar grandes pormenores, referiu que ameaças lhe chegaram "porque, infelizmente, o país todo tem" o seu contacto.
"São as forças habituais do regime. Toda a gente sabe quais são as forças habituais do regime e o centro de interesses em que se movem, sobretudo entre o PSD e PS. Houve várias ameaças e insinuações", garantiu.
[Notícia atualizada às 23h48]
Leia Também: "Primeiro-ministro estava disposto a que Chega viesse a integrar Governo"
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com