Numa plateia onde risos não faltaram, o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, disse, no sábado, em Ovar, que a solução de apoio do partido a um candidato presidencial "está perto".
A reação dos presentes foi espoletada porque, no mesmo auditório onde tais palavras foram proferidas se encontrava o ex-presidente do PSD, Luís Marques Mendes, na primeira fila, que tem sido apontado como um possível candidato à corrida a Belém.
"Não é assunto para nos preocupar. Não é assunto para provocar, aqui, nenhuma intranquilidade. Sabemos que a solução está perto", reiterou Luís Montenegro, durante o 5.º Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas, no Auditório do Centro de Artes de Ovar, no distrito de Aveiro.
Apesar disso, o líder do PSD disse ainda que esta candidatura "será uma boa solução, vai mobilizar o país e vai dar ao país aquilo que o país precisa, que é ter, na Presidência da República, alguém que modere os poderes soberanos, que garanta a relação da política com a sociedade e não nenhum projeto pessoal ou político-partidário".
Garantiu, também, que o PSD não vai "deixar de ter um candidato" da sua área política e do seu partido.
Ainda antes da declaração do primeiro-ministro, o palco do auditório já tinha recebido Luís Marques Mendes, que foi ovacionado de pé quando entrou na sala do Centro Cultural.
"Nós precisamos de potenciar, consolidar, desenvolver aquilo que temos de estabilidade, credibilidade e atratividade, para resolver as questões da pobreza envergonhada, dos sem-abrigo, da pobreza em geral, sobretudo da habitação que é dos maiores dramas da sociedade portuguesa", disse o comentar político, que preferiu não comentar uma eventual candidatura às presidenciais de 2026.
Questionado pelos jornalistas, em Ovar, Marques Mendes sublinhou que "já tinha falado demais".
O ex-presidente do PSD já se tinha debruçado sobre o tema em outubro do ano passado, durante o congresso do partido em Braga, e remeteu a decisão para o ano seguinte.
Marques Mendes indicou, no mesmo congresso, que registou "o gesto de simpatia do presidente do PSD e primeiro-ministro ao falar de mim, há dias".
Porém, apontou que "a candidatura presidencial é uma decisão individual, às vezes quase solitária, e sobre essa matéria eu falarei, sem dúvida, quando tomar uma decisão em 2025".
E as autárquicas?
Para além do tema em destaque das presidenciais, o 5.º Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas foi também palco das eleições autárquicas do outono deste ano.
Luís Montenegro assegurou que o partido "não quer" e "não vai ter candidaturas de amigos".
"O PSD não quer, não vai ter, candidaturas de amigos. Vai ter candidaturas daqueles que estão em melhores condições de servir o interesse das respetivas populações", garantiu o líder do partido, no sábado.
Luís Montenegro referiu ainda que o PSD não fechará a porta "àqueles que não são do PSD" e abrirá as candidaturas "aos melhores e aos mais dinâmicos".
O primeiro-ministro reiterou que o partido é "o elemento aglutinador de confluência, de moderação, aqueles que privilegiam o respeito dos direitos das pessoas e o interesse coletivo de todo o povo português".
"Num dia onde os extremos erguem cada um a sua bandeira em contraponto, em conflito aberto para o outro, do da Direita para a Esquerda e o da Esquerda para a Direita, nós somos o elemento aglutinador de confluência, de moderação, aqueles que privilegiam o respeito dos direitos das pessoas e o interesse coletivo de todo o povo português", disse.
Para além disso, durante as suas declarações, apontou que Portugal tem "de continuar a ser um país seguro para aqueles que aqui vivem e para aqueles que aqui investem".
Recorde-se que no mesmo dia, 11 de janeiro, Lisboa foi palco de protestos. No sábado, pelas 15h00, decorria uma manifestação contra a atuação da polícia, junto à Alameda, que terminou no Martim Moniz. E, em retaliação, o partido Chega organizou uma vigília de apoio à PSP na Praça da Figueira para a mesma tarde, denominada 'Pela autoridade e contra a impunidade'.
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