O socialista Ascenso Simões teceu duras críticas ao ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, perante as declarações de que o antigo secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro, não cumpre "os requisitos mínimos" para ser candidato às eleições presidenciais de 2026.
“As palavras de Augusto Santos Silva dão ordinárias. É lamentável que alguém que teve relevantes funções ao longo de 30 anos, foi o ministro mais presente em todos os governos, com três primeiros-ministros, chegue a este ponto. Ou seja, Augusto Santos Silva nunca deixou o trotskismo em que militou logo a seguir ao 25 de Abril e, de quando em vez, essa realidade apresenta-se”, disse, no seu espaço de comentário na SIC Notícias, no domingo.
O antigo deputado foi mais longe, tendo dado conta de que, na sua ótica, Santos Silva “instabiliza o PS, impede soluções boas, para que, no fim, sobre ele”. Contudo, garantiu que “não sobrará, por uma razão simples”.
“A Augusto Santos Silva faltam-lhe dois requisitos mínimos e essenciais: a proximidade com os portugueses e compaixão. Temos ali alguém profundamente frio, completamente afastado da realidade do país, alguém que viveu nos últimos 30 anos longe dos portugueses, nunca terá feito uma chamada a mais do que 10 presidentes de Câmara nos 30 últimos anos. Portanto, se há alguém que não tem requisitos mínimos para ser candidato presidencial é Augusto Santos Silva”, concretizou.
Ascenso Simões apontou também que “não é assim que no PS aprendemos a estar, não é o partido de Mário Soares, que desconsiderava Augusto Santos Silva”.
Depois de Santos Silva ter manifestado que, a seu ver, António José Seguro não cumpre "os requisitos mínimos de uma candidatura que possa ser apoiada pelo PS e por um vasto campo de forças democráticas", porque "se fica pelas banalidades", o eurodeputado socialista Francisco Assis saiu em defesa do antigo secretário-geral, considerando que “parece estar em curso uma campanha devidamente organizada com um único intuito: impedir uma candidatura presidencial do António José Seguro”.
“É legítimo não apoiar essa eventual candidatura, é inaceitável o modo que está a ser utilizado para a tentar inviabilizar", acusou.
Assis salientou ainda que Seguro "é um homem de caráter, condição que deveria ser imprescindível para o exercício de funções públicas".
"Ao longo do seu percurso tem revelado qualidades que fazem falta na nossa vida política: Não troca convicções por oportunidades, antepõe as causas à carreira, coloca o interesse geral acima das ambições grupais, cultiva a independência e rejeita o servilismo próprio de quem visa apenas sobreviver", sustentou.
Também João Soares, antigo ministro e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, se pronunciou sobre este tema, criticando diretamente Augusto Santos Silva com as mesmas expressões que o ex-presidente da Assembleia da Republica usou em relação a António José Seguro.
Num comentário que publicou na rede social Facebook, João Soares sustentou que Augusto Santos Silva, "mais uma vez, anuncia a sua candidatura às próximas eleições presidenciais".
"Pessoalmente considero que Augusto Santos Silva não cumpre todos os requisitos para ser um bom candidato a Presidente da Republica", escreveu, acrescentando que nas suas declarações mais recentes, "ficou-se, infelizmente, por banalidades e mínimos lamentáveis".
"Nomeadamente nas avaliações de atual e anteriores presidentes da Republica mas não só. É a minha opinião pessoal, exprimo-a aqui com clareza e frontalidade. Só me vincula a mim, claro", ressalvou.
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