João César das Neves descreve a atual situação política e faz uma previsão sobre os possíveis cenários no país, caso coligação ou Esquerda acabem por governar. No comentário habitual ‘Não há almoços grátis’, o economista fala numa ‘Ratoeira’ na política portuguesa.
“A situação económica nacional parece uma armadilha montada para caçar o próximo governo. Apesar disso, a atração pelo poder é tal, que todos os partidos se atropelam para entrar na ratoeira”, começa o professor universitário.
Por um lado, César das Neves descreve um país numa “situação conjuntural promissora”, realçando que os próximos governos se vão aproveitar dos “sacrifícios impostos pelos anteriores”, por outro lado mostra que os sinais positivos “são em grande medida aparentes”.
“Há várias bombas retardadas que gerarão problemas graves nos próximos tempos, exigindo medidas duras”, esclarece, frisando que o crescimento, o desemprego e o investimento são problemas com muito por resolver. “A conjuntura só é boa se comparada com a anterior”, reitera.
Mais ainda, o economista ressalva que há duas questões relevantes, primeiro o “cansaço da austeridade” e o segundo a “vontade explícita” e prometida pelos partidos do “alívio”.
“Qualquer governo que resultar da negociação pós-eleitoral vai ficar mal, faça o que fizer. Se cumprir as promessas, verá a troika regressar em breve; se tiver juízo e proceder como a situação exige, é crucificado por enganar os leitores”, concretiza César das Neves.