Pacheco Pereira analisou a relação de Portugal e da Europa e a forma como esta influencia o Parlamento e a política nacional.
“Acho que nós vivemos num daqueles períodos de bonança antes da tempestade, mas a tempestade está aí”, começou por dizer o social-democrata.
“Nós temos um Parlamento que, sem nenhum de nós perceber, perdeu o poder de votar os Orçamentos, porque ele têm de ir a Bruxelas. Nós estamos a aceitar uma força burocrática, que corresponde a poderes políticos europeus, onde nos estão a impor um modelo que é um modelo que, inevitavelmente, entrará em conflito com este Governo. É só esperar”, sustentou o historiador numa entrevista na RTP 3.
Questionado sobre o porquê de Portugal aceitar estas regras, Pacheco Pereira realça que “não é por nenhuma boa razão”, mas sim porque "uma parte da classe política se deixou subordinar por estes processos e tem medo da sombra. E depois porque uma parte da nossa elite é europeísta no pior sentido, porque há hoje uma coligação de interesse, um círculo de confiança de pessoas que circulam entre estas instituições internacionais, e essas pessoas mandam no país”, frisa.
O comentador refere que muitas das pessoas que “decidem sobre Portugal não têm nenhum mandato eleitoral dos portugueses”. Desta forma, o social-democrata é perentório: “Há riscos para a democracia? Há. O primeiro dos quais é que o nosso voto não valha nada. Agente vota mas não pode escolher as políticas que definem o voto e isso dá asneira, é só uma questão de tempo”, conclui.