"Paz social pode estar em causa por cegueira europeia"

Em entrevista ao Jornal de Notícias, Miguel Cadilhe apela à “renegociação honrada” da dívida e à apresentação da Reforma do Estado que, defende, “há muito tinha de estar na cabeça do Governo”. O economista e antigo ministro das Finanças acredita que “sem a compreensão por parte da Europa” a saída da crise será ainda mais difícil e a paz social fica comprometida por “uma cegueira europeia face a Portugal”.

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Notícias Ao Minuto
02/07/2013 08:48 ‧ 02/07/2013 por Notícias Ao Minuto

Política

Miguel Cadilhe

Miguel Cadilhe não poupa críticas ao Governo quanto à reforma do Estado. Para o economista, a reforma “está claramente atrasada” e já deveria ter saído do papel há muito, tendo sido o momento ideal, defende, assim que o Governo tomou posse, há dois anos.

“No fim de 2012, [o Governo] prometeu um documento para breve, mas entregou a Paulo Portas a feitura de um guião da reforma, que há muito tinha de estar na cabeça do Governo. Estamos em Julho e continuamos sem saber. É inexplicável, é uma grande decepção, um silêncio, um vazio… não há razão nenhuma”, frisou.

Para este atraso, Cadilhe apresenta ao Jornal de Notícias duas terias: uma passa pela exigência “ingrata e impopular” da reforma do Estado, outra pela “incompetência do reformador”. No entanto, o antigo ministro das Finanças apela à não criação de ilusões, pois “o desemprego que será causado no Estado terá consequências fortíssimas”.

“O ideal é um programa de rescisões por mútuo acordo, com funcionários públicos ‘dispensáveis’ e indemnizações justas. Se não chegar, restará a dura medida do despedimento, que exige muita coragem”, disse.

Para sair da crise, advoga, é necessário aquilo a que chama “renegociação honrada”, que passa por “cumprir a dívida”, mas não por “perdoar nem falhar o cumprimento”. Deste modo, Miguel Cadilhe considera que o mais acertado seria “reduzir a taxa de juro europeia e o alongamento muito maior dos prazos”. “Não vejo saída para a crise sem a renegociação honrada e compreensão por parte da Europa”, sublinhou.

Ao Jornal de Notícias, Cadilhe criticou o timing, cada vez mais apertado, para que o Governo tome uma posição na Europa. O economista assinala que Portugal deveria apresentar um dossier no qual mostrasse disposição para manter os sacrifícios, mas com melhores condições, uma vez que “a paz social pode ser posta em causa por uma cegueira europeia face a Portugal”.

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