Em declarações à margem da apresentação da edição atualizada do livro “O sobrepeso do Estado em Portugal”, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Miguel Cadilhe lamentou que os portugueses estejam “a sofrer imenso” e que “vão sofrer ainda mais por causa deste desaire político”.
Questionado sobre a possibilidade da convocação de eleições antecipadas, Miguel Cadilhe admitiu “que essa seja uma hipótese muito provável, mas o Presidente da República dirá” e acrescentou: “A demissão de Vitor Gaspar é uma demissão muito digna. A outra não sei se é, mas parece-me que não é digna”.
O antigo governante referiu que a “grande desilusão” que sentiu para com o atual Governo diz respeito à reforma do Estado do lado da despesa, que, a seu ver, “deveria ter começado logo em 2011”.
“Durante estes primeiros seis meses de 2013, novamente, há um ministro de Estado encarregado de apresentar um guião. Um guião, meu Deus, isso é tão fácil e tão difícil ao mesmo tempo e até hoje nada apareceu. Isto é fazer do país a figura subalterna de tudo. As figuras principais, predominantes, são os políticos e os partidos políticos. O país fica para segundo plano. Ora, isto não está bem”, afirmou o ministro das Finanças dos governos do então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.
Para além da reforma do Estado, Miguel Cadilhe disse acreditar que é hoje necessária uma “grande reforma do sistema político”.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, apresentou hoje o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Paulo Portas refere, num comunicado, que a decisão é “irrevogável” e justifica-a com a discordância na escolha de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, depois da saída de Vitor Gaspar, na segunda-feira.