"Os comentadores e as autárquicas: a direita perdeu, a esquerda ganhou mas é a ‘geringonça’ que está em risco. Fantástico!".
É com esta dose de ironia que João Semedo aborda os resultados das autárquicas do passado domingo.
O antigo candidato bloquista no Porto, que por razões de saúde deu lugar a João Carlos Teixeira, considera que "fomos inundados de comentários aos resultados e às suas consequências. E, como é habitual, a grande maioria seguiu uma leitura de Direita e contra a Esquerda, apesar de esta ter alcançado uma grande vitória e a Direita uma grande derrota".
"Deixando de lado o estado de sítio em que mergulhou o PSD nos últimos tempos e a novela dos candidatos à sua liderança – essa, sim, fruto dos resultados - em que se traduz essa leitura de direita?", questiona João Semedo, dando de seguida a sua perspetiva sobre o tema.
Em primeiro lugar, escreve na rede social Facebook, "na tese de que a vitória da esquerda põe em causa o futuro da 'geringonça' (…). "Alguns anunciam mesmo um imparável surto grevista, como nunca visto, e perante o qual o governo acabará por cair".
"Não deixa de ser curioso e caricato que, mais que o próprio PCP, sejam os comentadores de direita a atribuir o insucesso eleitoral do PCP ao seu apoio à 'geringonça'", atira o antigo coordenador do Bloco de Esquerda.
Em segundo lugar, acrescenta, surge o que define como uma "hipervalorização do resultado do CDS".
"Mesmo admitindo que a situação do PSD favorece o CDS, é preciso não confundir - como fazem deliberadamente os comentadores - o resultado conseguido em Lisboa por Assunção Cristas e o resultado nacional do CDS", aponta, explicando que que o "bom resultado na capital" da líder dos centristas foi acompanhado de uma descida global de votos nos centristas.
Em tom de conclusão, João Semedo considera que "os comentadores podem influenciar a percepção da realidade feita pela opinião pública mas não mudam a realidade... E, paciência, os seus desejos não são a realidade".