Mais de 10 ideias inovadoras na energia e nos materiais estão a ser dadas a conhecer no âmbito da Tech@week, evento promovido pela Agência Nacional de Inovação, esta quarta-feira, na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS) para debater a inovação emergente naquelas duas áreas.
Numa ronda efetuada pela agência Lusa aos projetos em demonstração, foi possível observar como a utilização da impressão 3D pode ser útil na construção de "peças complexas", como turbinas, implantes metálicos ou 'brackets' para a aviação, num projeto desenvolvido pelo Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ).
Utilizando o "Fabrico Aditivo ou impressão 3D já conseguimos produzir peças complexas que a indústria necessita e que, até à data, não era possível fazer", explicaram Paulo Morais e Rodolfo Batalha, dando como exemplo o protótipo de "uma turbina" construída "em aço inox".
Tem "uma estrutura interna complexa que deixa a peça muito mais leve e uma perda de carga muito menor", adiantou Rodolfo, acrescentando que uma empresa com um equipamento antigo que pretenda "reutilizar uma peça" pode fazê-lo através desta técnica.
"Temos [também] trabalhos com implantes metálicos, como esta prótese de uma anca, e, ao mesmo tempo, fazemos o desenvolvimento de ligas, com novos materiais, que não sejam tóxicas ao corpo humano, obtendo as mesmas características", realçou.
A transformação de resíduos do couro e do bacalhau em salmoura purificada, apresentado pelo Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC), é outros dos projetos inovadores levados a Sines, em estudo há cerca de três anos.
O projeto SimbioSalt dedica-se "à purificação e à reciclagem das salmouras e do sal contaminado das indústrias do couro e do bacalhau que depois será reintroduzido na indústria de curtumes no processo produtivo", explicou à Lusa José Cruz, do CTIC.
Já na fase final, o projeto visou o desenvolvimento de um processo para tratar salmouras, eliminando a matéria orgânica que estas possuem, nomeadamente gorduras e proteínas, e desinfetando-as também.
A salmoura "é utilizada para evitar o inchamento ácido, que era feito com água e sal, e a partir deste momento [obtém-se] a solução composta, purificada", que pode ser utilizada pela indústria do setor automóvel, do calçado e vestuário, promovendo desta forma a economia circular.
A inspeção de parques solares fotovoltaicos com recurso a drones e o desenvolvimento de um programa para detetar a sua eficiência é outra das ideias apresentadas pelo ISQ nesta mostra.
De acordo com Bruno Ferreira, foi possível desenvolver "a metodologia de um plano de voo do drone que recolhe as imagens dos painéis solares" e que permite, entre outros, identificar a existência de "painéis com defeito", estudar a "georreferencia" e controlar a sua "temperatura".
"Temos também outro projeto relacionado com a eficiência para tentar perceber qual a melhor altura para usar a energia que vem dos painéis", destacou o responsável, estimando a sua conclusão "até ao final deste ano", a tempo de responder aos investimentos em parques solares previstos para o país.
O desenvolvimento e industrialização de unidades de biorrefinarias de 2.ª e 3.ª geração para o fabrico de produtos substitutos do petróleo e a integração modular de sistemas de isolamento térmico, produção e armazenamento de energias renováveis em fachadas de edifícios não residenciais são outros dos projetos em destaque na Tech@Week.
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