Com esse objetivo, a Câmara Municipal de Ovar distribuiu 60 oleões por vários locais desse concelho do distrito de Aveiro e tem agora a funcionar a aplicação telefónica 'Carbon Foote', que ajuda a população a localizar os contentores específicos para esse tipo de resíduos líquidos.
"A par de um forte trabalho de informação e sensibilização dos munícipes, temos trabalhado para criar todas as condições para que lhes seja cada vez mais fácil e acessível adotarem medidas verdes, já que só conseguimos alcançar as metas de sustentabilidade definidas se todos dermos o nosso contributo", afirma Domingos Silva, presidente da Câmara Municipal de Ovar.
A nova 'app' facilita essa postura ecoconsciente, na medida em que "diz aos utilizadores exatamente aonde se devem dirigir" para depositar os óleos, "poupando-lhes tempo" e criando-lhes o hábito de reciclarem esse resíduo alimentar -- habitualmente negligenciado nas práticas domésticas de separação e valorização, mesmo por quem faz reciclagem diariamente.
O investimento para arranque desta operação destina-se a cinco anos de atividade, abrange a campanha de divulgação da estratégia e a aquisição de materiais necessários para o efeito -- inclusive os funis que serão oferecidos a quem se inscrever na 'app' -- e inclui também o envio dos referidos resíduos líquidos para valorização em unidades próprias.
Quanto aos oleões em concreto, Domingos Silva realça que os 60 que foram instalados em todas as freguesias do concelho de Ovar representam um "novo modelo de gestão inteligente de óleos usados", uma vez que os recipientes em causa "estão dotados de sensores de nível de enchimento monitorizados por um sistema informático". Isso significa que, quando o oleão atingir 85% da sua capacidade de recolha, é emitido um alerta para que a empresa responsável proceda ao respetivo esvaziamento.
O mesmo sistema de gestão inteligente permite contabilizar em tempo real o número de depósitos efetuados pela população, para eventual ajuste do número e capacidade dos recipientes disponíveis.
"Ovar cumpre assim a obrigação legal que impende sobre os municípios de, até 2030, implementarem e reforçarem a recolha seletiva de óleos alimentares usados, contribuindo para as metas estabelecidas no Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030", declara Domingos Silva.
A importância de separar os óleos, na maioria das vezes erradamente descartados através da canalização que conduz à rede de saneamento, prende-se com o facto de esses dificultarem o trabalho das estações de tratamento de águas residuais. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) diz mesmo que "um litro de óleo doméstico deitado no ralo da banca da cozinha chega a contaminar de uma só vez um milhão de litros de água, o suficiente para a sobrevivência de uma pessoa até aos 40 anos".
A contaminação pode ainda assumir outras formas, uma vez que, quando eliminados de forma incontrolada, os óleos usados constituem um potencial perigo para solos e águas, "tanto a nível de aquíferos como das ribeiras e mar".
Em contrapartida, quando devidamente separados para reaproveitamento, esses resíduos líquidos podem ser valorizados e reintroduzir-se no circuito comercial como sabão ou biocombustíveis para aviões, carros, camiões e barcos. A APA realça, aliás, que "1.000 litros de óleos alimentares usados permitem produzir entre 920 a 980 litros de biodiesel, combustível que apresenta índices de emissão de dióxido de carbono que podem ser 80% mais baixos do que os que são emitidos ao utilizar gasóleo".
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