"Temos assistido a atividades mais agressivas por parte do Irão neste ciclo eleitoral. (...) Isto inclui atividades recentemente relatadas destinadas a comprometer a campanha do ex-presidente Trump, que a comunidade de serviços de informações atribui ao Irão", frisaram, num comunicado conjunto, a polícia federal (FBI), o Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) e a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura (CISA).
Embora a campanha de Trump e investigadores de cibersegurança do setor privado tivessem garantido anteriormente que o Irão estava por detrás das tentativas de ciberataque, foi a primeira vez que o Governo norte-americano atribuiu a culpa pelo ataque.
A declaração conjunta indicou ainda que o Irão foi responsável pelas tentativas de pirataria da campanha da vice-presidente Kamala Harris, frisando que os 'hackers' "procuraram acesso a indivíduos com acesso direto à campanha presidencial de ambos os partidos políticos".
O objetivo dos ciberataques e de outras atividades, de acordo com as autoridades federais, não é apenas semear a discórdia, mas também moldar o resultado das eleições que o Irão considera serem "particularmente importantes em termos do impacto que poderiam ter nos seus interesses de segurança nacional".
"Esta abordagem não é nova. O Irão e a Rússia usaram estes estratagemas não só nos Estados Unidos (...) mas noutros países ao redor do mundo", destacaram ainda as agências.
Em 2016, os e-mails do Partido Democrata também foram pirateados, tendo a fuga revelado nomeadamente comunicações internas relativas a Hillary Clinton, a candidata que enfrentou Donald Trump.
O bilionário, vencedor das eleições presidenciais desse ano, foi criticado por ter incentivado esta pirataria de dados atribuída à Rússia.
Os serviços de informação norte-americanos concluíram posteriormente que a Rússia influenciou as eleições de 2016 a favor de Donald Trump, o que o republicano rejeitou.
A declaração confirma em grande parte as conclusões de empresas privadas como a Microsoft e Google.
O FBI já tinha adiantado em 12 de agosto que estava a investigar as alegações de que documentos sensíveis da campanha de Trump foram roubados numa intrusão cibernética, dias depois de a campanha do republicano ter declarado que tinha sido pirateada pelo Irão.
A campanha de Trump não tinha fornecido provas específicas do envolvimento do Irão, mas a alegação surgiu pouco depois de a Microsoft ter publicado um relatório que detalhava as tentativas de interferência de agentes estrangeiros na campanha dos EUA em 2024.
Na semana passada, a Google revelou que um grupo iraniano ligado à Guarda Revolucionária do seu país tentou aceder, desde maio, a e-mails de uma dúzia de pessoas ligadas às campanhas dos democratas e republicanos às presidenciais norte-americanas.
O gabinete da tecnológica para as ameaças sobre dados alertou que o grupo ainda tem como alvo ativo pessoas associadas a Biden, Trump e à vice-presidente Kamala Harris, que substituiu o atual chefe de Estado como candidato democrata no mês passado.
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