Integrada no Festival Correntes d'Escritas, a exposição 'Mundo de Sepúlveda' abre com um conjunto de fotos do escritor chileno com aquela que viria a ser sua mulher, a poetisa chilena Carmen Yanez, tiradas numa tarde após o almoço em que o autor de "O velho que lia romances de amor" apresentou ao seu amigo fotógrafo "a mulher por quem estava apaixonado", contou o autor das fotos, numa visita guiada à exposição.
Daniel Mordzinski admite que teve "a sorte" de acompanhar Sepúlveda "em todas as suas facetas", o que lhe permitiu viver episódios como uma viagem a Caiena, em que acabaram numa zona remota e isolada, onde vivia apenas uma habitante, com o único telefone possível para fazerem uma chamada, e na casa de quem acabaram, para descobrir que "era fã de Sepúlveda e tinha todos os seus livros".
Uma viagem à Patagónia, a travessia do estreito de Magalhães a bordo de uma avioneta, as filmagens de 'Nowhere', filme de comédia dirigido por Sepúlveda, são algumas das aventuras retratadas, a par com outras fotos mais íntimas, do escritor só de calções no seu jardim a regar as plantas, sentado no escritório a ser acarinhado pela mulher, deitado numa cama a ler, ou na cozinha a trinchar carne.
Segundo Daniel Mordzinski, cada fotografia contém uma história e a as imagens escolhidas para a exposição compõem uma narrativa própria.
A ideia desta mostra foi, não só dar a conhecer um pouco mais do mundo de Sepúlveda, para além da sua imagem de escritor, mas também homenageá-lo, quando se assinalam cinco anos da sua morte, vítima de covid-19.
"Enquanto continuarmos a ler escritores, os escritores nunca morrem e eu acredito que, enquanto continuarmos a lembrar-nos dos amigos, os amigos estarão sempre connosco", disse o fotógrafo aos jornalistas.
Numa escolha de fotos que é "subjetiva, imparcial, incompleta e não muito abrangente", porque ao longo de mais de 30 anos de amizade é impossível fazer uma escolha que não seja sempre reduzida, o critério para a exposição foi o de "garantir que todos os mundos de Sepúlveda - literário, cinematográfico, familiar - estivessem presentes e, claro, também como homem de imagem, como fotógrafo".
Da exposição, constam ainda algumas peças, dispostas por três vitrinas, pertencentes ao espólio de Luís Sepúlveda e que Carmen Yanez doou àquela biblioteca.
Algumas traduções das suas obras, documentação, fotografias da escola, a sua primeira máquina de escrever, uma t-shirt da Feira Ibero-Americana do Livro de Gijon, óculos ou a claquete das filmagens de 'Nowhere' são algumas das peças expostas.
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