"Devo esclarecer que quem se demitiu e quem saiu fui eu, que fique bastante clara esta situação", disse o técnico, numa conferência de imprensa realizada numa unidade hoteleira de Olhão, na qual surgiu acompanhado pelos adjuntos Daniel Castro e Rui Paiva.
Abel Xavier, que foi substituído hoje por Paulo Alves, informou que, na reunião realizada ontem [segunda-feira] com o conselho de administração da Olhanense SAD, apresentou o pedido de demissão ao presidente, Isidoro Sousa, "porque não estavam reunidas as condições para o exercício pleno de funções".
O técnico pediu para que fossem regularizados dois meses de salários em atraso e que o valor remanescente até final da época fosse aplicado no pagamento dos ordenados em atraso "aos funcionários que honestamente trabalham no clube".
Abel Xavier garante que os todos os objetivos definidos no início da temporada "continuam intactos", pelo que não existiriam razões para um eventual despedimento.
"Se alguém puder justificar que fui despedido face aos resultados atuais (...), só se a estrutura entender que este é um projeto de Liga Europa. Assim, não posso ser treinador, porque não posso pactuar com determinadas situações internas na gestão do clube", salientou.
Afirmando-se "desrespeitado" por a SAD ter rejeitado o nome que apresentou para o lugar de técnico-adjunto, pelas "movimentações" para encontrar um substituto, pelo "afastamento" de alguns responsáveis e pelos convites feitos a técnicos italianos, Abel Xavier dirigiu críticas ao modelo de gestão da SAD.
"A SAD atual está constituída numa relação bicéfala e enganosa, entre os investidores e Isidoro Sousa, presidente do clube. E isso deve ser totalmente esclarecido para que os adeptos do Olhanense possam perceber algumas decisões tomadas, que prejudicam a equipa", assegurou.
O ex-técnico do Olhanense afirmou que a posição de Isidoro Sousa "não é tranquila", por ter "perdido totalmente o controlo de um clube que geria há 30 anos" e por, em muitas matérias, o poder de decisão já não passar por si.
Abel Xavier, que elogiou por diversas vezes os seus antigos jogadores, referiu ainda que o diretor-geral, Miguel Pinho, "não tem competências" para o cargo que ocupa e anteviu um "futuro complicado" para o Olhanense.
"Essa gestão bicéfala é difícil, gera certas contrariedades e limitações. Espero que determinadas situações sejam retificadas e haja a capacidade de encontrar soluções para que episódios como o dossiê do estádio possam ser alterados e a equipa possa jogar novamente em Olhão", concluiu.
Abel Xavier, que se estreou nas funções de técnico principal, deixou o Olhanense no 11.º lugar da I Liga portuguesa de futebol, com oito pontos.