Luís Filipe Vieira, antigo presidente do Benfica, analisou a atualidade do clube da Luz, esta quinta-feira, não tendo poupado nas críticas à gestão de Rui Costa, ao ponto de ter pedido desculpas aos adeptos dos encarnados pelo engano na escolha do seu sucessor. Rui Pedro Braz, diretor desportivo, e Roger Schmidt, antigo treinador, também foram alvo de críticas do ex-presidente.
"Já que me fecharam a porta do Benfica, tenho que ter um local para falar. Era proibido falar do meu nome no Benfica. Depois do célebre discurso, nem uma palavra me deu. Sou benfiquista, não tenho que lavar roupa suja. O presidente do Benfica [Rui Costa], eleito pelos sócios, tem que estar sujeito à crítica. Estou aqui para falar para os benfiquistas e dizer verdades. Se estas situações continuarem o Benfica pode ter um problema grave. O Benfica está crise, desportiva e financeira. Principalmente desde que o Domingos Soares de Oliveira saiu", começou por dizer em entrevista à CMTV, esta segunda-feira.
"Ainda não percebi a reestruturação da SAD ainda não percebi. Sabia que o Rui poderia ter dificuldades em gestão e por isso disse-lhe que não poderia mexer nos quadros do Benfica. Ele entendeu que devia mexer e tem aí as consequências. Agora surpreende-me a forma como geriu a parte desportiva. Talvez a muleta do Vieira faça a falta. Peço desculpa aos benfiquistas porque enganei-me no que aconselhei. Ainda hoje me culpam pelo mesmo: 'foste tu que escolheste, foste tu que escolheste'", atirou de seguida, mais de três anos após a incidência à presidência do Benfica, assumida por Rui Costa em outubro de 2021.
Quem também não escapou às críticas foi Rui Pedro Braz, diretor desportivo das águias, que entrou no clube da Luz ainda durante a presidência de Luís Filipe Vieira. Já depois de não ter considerado Rui Costa "um líder", o ex-presidente das águias admitiu também o erro na escolha do diretor desportivo e até relatou um episódio específico em torno da venda de um jogador sem a sua autorização.
"Hoje já se viu que o Rui Costa não é líder. É natural que não exista capacidade de liderança. A experiência empresarial leva a isso. Se ele quer continuar a liderar o Benfica, tem de mudar de posição dentro do Benfica. Não pode permitir que o tratem por Rui. Nunca me permiti que me tratassem por tu. Nunca chamei um diretor desportivo por 'mano'. Sei quem ouviu isso", sublinhou, antes de falar especificamente de Rui Pedro Braz.
"O Rui Costa é presidente da maior instituição do país não pode permitir que o tratem por Rui e não pode tratar pessoas, mais ligadas a ele, por mano aqui ou mano ali. Nomeadamente o Rui Pedro Braz. Foi um erro contratar Rui Pedro Braz? As pessoas podem enganar-se. Se eu estivesse no Benfica, ele não tinha a liberdade que tem, nem passava tanto tempo nos aeroportos e aviões. Coloquei-o lá dentro e passados poucos dias vendeu um jogador sem minha autorização. Avisei-o que se o fizesse de novo que tinha as malas feitas", contou.
A escolha de Bruno Lage para novo treinador do Benfica - naquela que é a terceira passagem do técnico pela Luz - levou Luís Filipe Vieira a deixar críticas à forma como Roger Schmidt lidou com a pressão vinda das bancadas, tendo explicado o que teria feito no lugar de Rui Costa.
"Schmidt? No primeiro ano ganhámos o campeonato com um suplente da equipa B, o João Neves, sendo que lançou o António Silva também. Dificilmente outro treinador lançaria estes dois jogadores. No Benfica há muito às vezes a cultura de os miúdos ficarem para segundo plano. Já na segunda época, além de correr tudo mal, virou-se contra a massa associativa benfiquista. Também me mandaram garrafas de água, mas isso faz parte, é preciso saber lidar. Depois das declarações dele contra os benfiquistas, para mim ficava logo ali. Falava com o departamento jurídico e dizia logo 'mister, fale com o seu advogado, amanhã não treina'. Aquilo foi tão baixo, nenhum treinador desde que eu estive no Benfica fez isso. O treinador tem de ter respeito pelos sócios", completou sobre o assunto.
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