"Desde logo, estamos a trabalhar em algo muito importante, que é acabar com a divisão que existia entre clube e SAD. É claro que isso já está ultrapassado e ambos estão a trabalhar no sentido de unirem e normalizarem as suas relações. A única coisa que o clube pode e deve fazer é auxiliar naquilo que seja necessário para que a SAD consiga atingir os seus objetivos", salientou o advogado, em declarações à comunicação social.
Garrido Pereira falava no final da tomada de posse dos novos órgãos sociais do Boavista para o triénio 2025-2027, que foi presenciada por mais de uma centena de convidados no Estádio do Bessa, no Porto, e decorreu sete dias depois do triunfo eleitoral da candidatura "Um Boavista, para todos" (79,5%) sobre a do gestor Filipe Miranda (19,3%).
Além de dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a sessão foi acompanhada pelo senegalês Fary Faye, que chegou a anunciar a candidatura às eleições do clube em dezembro de 2024, antes de retirá-la, e que comanda a SAD, responsável pela gestão do futebol profissional 'axadrezado'.
"Logo na segunda-feira, dirigi-me à SAD e reuni de imediato com o Fary. Dada a situação urgente em que o Boavista está, quis saber qual era o ponto da situação e fui muito bem recebido. Houve uma abertura total e, desde então, estamos a trabalhar. Como é evidente, o Fary é quem lidera a SAD e está a tomar todas as iniciativas para ultrapassar as limitações", partilhou Garrido Pereira, aludindo ao impedimento de inscrição de novos futebolistas aplicado pela FIFA ao Boavista há cinco janelas de transferências seguidas.
De acordo com a última atualização da lista de clubes sujeitos a proibições de registo por parte do organismo regulador do futebol mundial, as 'panteras' enfrentam 17 processos ativos, dos quais oito vigoram por três períodos de inscrição e nove têm duração ilimitada.
Questionado sobre o montante necessário para a SAD desbloquear esses impedimentos, numa altura em que faltam 10 dias para o fecho da janela de transferências de inverno na I Liga, Garrido Pereira disse "ter a noção de tudo", mas sem poder adiantar pormenores.
"Só a partir de hoje é que sou presidente do clube e consigo efetivamente tomar decisões nessa matéria, mas, com certeza, irei fazer tudo no sentido de arranjar o documento de certidão de não dívida do clube à Segurança Social. Já estamos a trabalhar nisso", frisou.
O advogado sucedeu ao homólogo Vítor Murta, que não se recandidatou e despediu-se ao fim de seis anos e dois mandatos, por entre uma passagem pela SAD, de 2020 a 2024.
"Agradeço ao Vítor Murta pelo pagamento que fez dos salários [em atraso aos funcionários do clube, referentes a outubro e novembro de 2024] e pela abertura demonstrada na passagem dos dossiês. A primeira coisa que faremos é pagar os salários que estão pendentes, neste caso, o de dezembro", direcionou.
Rui Garrido Pereira, de 49 anos, está acompanhado pelo presidente-adjunto Reinaldo Ferreira, os 'vices' Pedro Almeida, Hélder Soares, Manuel Leite e Nuno Almeida, e o tesoureiro Carlos Vieira, enquanto Miguel Lixa Barbosa e Rui Martins assumiram as lideranças da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar, respetivamente, com Arnaldo Figueiredo a renovar o mandato à frente do Conselho Geral.
O novo presidente do Boavista mostrou-se disponível para conversar com Filipe Miranda, cuja candidatura esteve ausente da tomada de posse, tal como o antecessor Vítor Murta.
"Tenho o máximo respeito pelo Filipe Miranda, mas as eleições acabaram. Depois de as coisas assentarem ao fim de algum tempo, estou interessado em falar com ele, porque acredito que possa fazer parte do projeto e teremos de estar todos juntos, no sentido de levantar o Boavista. Esse é o objetivo principal", finalizou.
Leia Também: Vítor Murta regulariza dois meses de salários em atraso e sai do Boavista