Para o banco central, essa reavaliação "poderá ser propiciada por um abrandamento mais acentuado da atividade económica mundial, decorrente designadamente da crescente incerteza política, da materialização de riscos provenientes das tensões comerciais, ou de um evento de crédito de empresas financeiras a nível internacional, potenciado pelos recurso a instrumentos de financiamento de maior risco".
Na área do euro, esta reavaliação poderá estar relacionada com os juros da dívida de Itália, apesar de o banco central assinalar que até agora o contágio italiano a outras economias da zona euro foi "relativamente contido", e no caso português houve uma "melhoria da perceção do risco dos investidores internacionais e das agências de 'rating'".
"Contudo, numa situação extrema em que a situação/incerteza se intensifique (...), poderá ocorrer uma reavaliação do prémio de risco", o que poderá levar a uma "deterioração do sentimento de mercado relativamente a outros Estados-membros, com destaque para os que apresentam maior nível de endividamento".
A transição do sistema bancário para o novo quadro regulamentar e a atual fragmentação da arquitetura institucional europeia é também assinalada pelo supervisor no que a riscos diz respeito.
"Um dos principais desafios com que os bancos europeus estão confrontados é o de assegurar o cumprimento do requisito mínimo de fundos próprios e créditos elegíveis (MREL)", uma vez que "é expectável que os bancos portugueses tenham de continuar a aceder aos mercados financeiros internacionais para este efeito", assinala a entidade liderada por Carlos Costa.
O Banco de Portugal menciona outras fragilidades do sistema financeiro, como a "elevada exposição", por exemplo, a "títulos de dívida pública portuguesa".
O banco central reforça ainda que "a incompletude da União Bancária -- resultante da inexistência de um sistema europeu de seguro de depósitos, de um enquadramento robusto de gestão de crises e de um enquadramento adequado para o tratamento dos grupos bancários transfronteiriços -- também comporta riscos para a estabilidade financeira".
"Urge interromper o debate em torno de isenções prudenciais e de isenções de MREL", pede o banco central português.
O Banco de Portugal salienta também que "a digitalização, o cibercrime e as alterações climáticas são outras fontes de risco que importa acompanhar e endereçar".
Relativamente à economia portuguesa, o supervisor considera que o sistema bancário registou um "aumento significativo da rendibilidade e a melhoria da qualidade dos ativos", devido a "uma redução muito acentuada do rácio de empréstimos 'non-performing (NPL) [crédito malparado]".
No entanto, o Banco de Portugal também salienta vulnerabilidades, "nomeadamente o elevado endividamento do setor privado não financeiro e do setor público, a reduzida taxa de poupança e o baixo crescimento potencial".